Tia Neiva e TrinoTumuchy , Mario Sassi |
NO LIMIAR DO
TERCEIRO MILÊNIO
INTRODUÇÃO
Caro
Leitor:
As páginas deste
pequeno manual são destiladas da experiência vivida quotidianamente
no trato com as outras dimensões, com os chamados mundos dos
espíritos.
São, também, o
resultado de quinze anos de convivência com a angústia humana, em
todas as suas manifestações, do plano físico da moléstia ao plano
escorregadio da mente abstrata.
Destinam-se, portanto,
àqueles que continuam na luta de trazer um pouco de luz à escuridão
dominante deste triste fim de era cósmica, àqueles que abraçaram o
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Todo supérfluo foi
eliminado, toda a análise deixada para os que se interessam em
aprender os fenômenos da vida. Destina-se o livro, portanto, a todas
as mentes abertas a realidades sem nome, sem rótulo e sem
preconceito. Se há nomes e conceitos, são apenas marcos didáticos
para referência no relativo.
Este
livro emergiu de uma comunidade mediúnica sui
generis,
uma organização dos gurus, dos mestres tibetanos e indus, plantada
num vaso Kardecista. Mas, seu principal intento é trazer o
Espiritismo para fora do Espiritismo. Espiritismo, como todas as
doutrinas e religiões, é apenas um meio de se chegar a um fim, e
esse fim, leitor, é Você.
Pouco importa quem
seja Você. Importa despertar-lhe a consciência de si mesmo, para que
Você possa prosseguir na sua trajetória milenar. Prosseguir, porém
mais consciente, mais equilibrado, mais senhor de suas próprias
forças, mais feliz.
Essa
obra não tem um autor, no sentido comum da palavra. Apenas um médium
Doutrinador-Receptivo captou
as instruções dos Mentores, trazidas pela Clarividente Neiva, e
sintetizou-as em palavras. Traz, porém, a chancela da Corrente
Indiana do Espaço, cuja organização, na Terra, é a “Ordem
Espiritualista Cristã”, no Vale do Amanhecer.
É,
também, incompleto. Um momentum
didático num trecho do caminho iniciático. Quando necessário,
novos ensinamentos virão, outras formas gráficas, novas sínteses
e, talvez, algumas análises.
As possíveis
irreverências à Ciência existem, apenas, porque a obra se destina
a todos e, além da Ciência, existe um conceito de Ciência dos que
não são cientistas. Que os cientistas nos relevem a ousadia.
A forma direta e a
linguagem íntima se devem ao fato de que esse trabalho se destinava
apenas à distribuição interna, entre nossos médiuns. Foi impresso
para distribuição mais ampla porque foi decidido que assim seria
mais útil.
Vale do Amanhecer, maio
de 1972
MÁRIO SASSI, TRINO
TUMUCHY
CAPÍTULO I
FUNDAMENTOS DO
MEDIUNISMO
O SER HUMANO E OS
SERES DE OUTRA NATUREZA
O
Universo é infinito, fora da nossa capacidade conceptual. Concebemos
apenas galáxias e sistemas, mediante alguma verificação e muita
imaginação.
Nossa Terra pertence a
uma galáxia e a um sistema. No dimensionamento relativo, ela está
para a galáxia como um grão de areia está para uma praia. No
sistema, ela é um dos menores planetas.
Em
nosso planeta existe um processo biológico com base em partículas
diminutas. Essas partículas se organizam em formas de vida que
denominamos minerais,
vegetais e
animais.
Dentre
as muitas formas, a mais aperfeiçoada é o animal chamado Homem
ou
ser humano.
O Homem se caracteriza pela consciência que tem de si mesmo.
O ser humano, como
espécie, não sabe sua origem e nem qual será o seu fim. Tem,
porém, a capacidade de especular sobre ambos. É, portanto, uma reta
entre dois pontos desconhecidos, do menos infinito ao mais infinito.
O
sistema de verificação no planeta Terra é feito através dos
sentidos. Os fatos são armazenados num processo chamado memória
e
transmitidos, de geração para geração, por meios variados e
variáveis.
Os sentidos são
adequados a uma determinada faixa vivencial e limitados no tempo e no
espaço. Para cada forma de vida existem sentidos apropriados. O
sistema de memória permite a continuação das espécies. Ela existe
na intimidade das partículas e nos arquivos complexos da Humanidade.
A escolha de um conjunto de memórias proporciona a existência, por
tempo determinado, de um tipo humano ou uma espécie.
Além dos seres
verificáveis pelos sentidos, há outros seres, outras formas de
vida, cuja existência é admitida pelos efeitos na vida. Deles, o
Homem tem menor consciência, dada sua própria natureza.
Mas
esses seres agem e interagem e seus efeitos só são percebidos
quando se fazem sentir no âmbito dos sentidos, nos chamados plano
físico e
plano
psíquico.
Esses seres fazem
parte da Biologia e integram a vida.
ESPÍRITO, ALMA E
CORPO
Os
sentidos humanos registram no Homem um aspecto palpável: o corpo;
e um aspecto sensível, mas impalpável, a psique
ou manifestações psicológicas. O físico e o psíquico conjugados
formam a personalidade – o ser humano diferenciado, característico
e único.
O
corpo é formado pelo sistema de memória
física,
ou seja, a herança atávica transmitida pelos genes, partículas
submicroscópicas da intimidade celular.
A psique, ou alma, é
gerada pela convergência da memória física e do aprendizado
recebido do meio ambiente. Ambos se originam de outros indivíduos,
outras personalidades.
Além
das atividades psicofísicas, o indivíduo apresenta outro tipo de
manifestação, cujas origens não são do corpo ou da psique. Essas
pertencem a outra ordem de memórias
a que chamamos espírito.
Portanto, o Homem é
levado à ação mediante três tipos de estímulos: o físico, o
psíquico e o espiritual.
A
memória física, impropriamente chamada instinto,
é regida, na sua reação, pelo condicionamento do mundo físico, do
meio ambiente. Reage através do sistema nervoso do grande simpático
ou neurovegetativo.
A memória
psicológica, ou da psique, interage por processos seletivos, que
proporcionam a ação consciente dos sentidos e se faz paralelamente
à percepção inconsciente, ou subliminar. O processo seletivo
escolhe imagens, formando as idéias e estas associadas formam o
pensamento.
A memória espiritual
existe e funciona num plano adimensional, num organismo paralelo ao
conjunto psicofísico, que denominamos espírito. A herança do
espírito transcende o tempo, pois representa o acervo de muitas
vidas.
Como conseqüência
das três faixas vibratórias – a física, a psíquica e a
espiritual –, todas agindo no mesmo veículo, o ser humano
apresenta variações de comportamento a cada momento. A hegemonia de
uma ou outra faixa determina a tônica que caracteriza uma pessoa.
Ela é predominantemente animalizada, psíquica ou espiritualizada.
Essa tônica varia conforme as circunstâncias, principalmente em
função da idade.
O MUNDO E AS
DIMENSÕES
O Universo é um todo
contínuo e em perpétuo movimento. Ele é concebido pelo Homem
conforme o conjunto instrumental aplicado na observação: sentidos
físicos, psicológicos ou espirituais. A imagem resultante varia
conforme o indivíduo e seu dimensionamento. Existe, pois, um
Universo físico, um psicológico e outro espiritual. Visto pelos
sentidos, ainda que ampliado pelos instrumentos, ele se apresenta
composto de corpos celestes e fenômenos conhecidos, relativamente,
até onde alcança esse tipo de verificação. Visto pela psique, em
termos interpretativos e de abstração, é intuído, deduzido ou
induzido. Forma-se, assim, um pensamento, ou interpretação, que
varia com o tempo e as circunstâncias.
Já
a interpretação espiritual do Universo é feita pelo sentido
religioso, uma percepção indefinida de fatos que escapam à
racionalização, tanto física como psicológica. Classifica-se,
pois, de mundo
espiritual
tudo o que escapa ao sistema indutivo ou dedutivo.
Cada um dos planos ou
universos se caracteriza por faixas vibratórias, movimentos, cujos
limites são perceptíveis. Isso pode ser verificado na experiência
quotidiana de qualquer ser humano. O Homem pode saber qual o estímulo
que ocupa seu campo consciencional, a cada momento, bastando para
isso o senso comum de observação.
Existem uma dimensão
física, uma psicológica e outra espiritual. As três coexistem
simultâneas e ocupam espaços de acordo com o seu grau de
vibratilidade. A vibração de cada um determina a organização das
partículas componentes.
Assim, o mundo físico
tem uma organização molecular de densidade variável, mas de
limites definidos, caracterizados na estequiometria dos corpos
simples. O mundo psicológico movimenta corpúsculos que se
caracterizam na sua organização pela extremada velocidade. A
percepção desses movimentos exige receptores de alta gama
vibratória. Sua ação se traduz pelo som, pelo calor e pela luz em
suas múltiplas manifestações, que escapam aos sentidos comuns, mas
cuja existência é incontestável.
A organização do
mundo espiritual, embora situada em termos corpusculares, é de
difícil conceituação, pois sua movimentação escapa completamente
à sensibilidade sensorial. Sua percepção é feita por processos
que, embora verificáveis nos efeitos, são imponderáveis na
estrutura e na mecânica.
O
campo consciencional – a sede dessas percepções, é chamado o eu,
uma abstração definida, uma quarta dimensão nitidamente separada
das outras três.
Eu sinto o meu corpo,
percebo a minha psique e sou obrigado a admitir a presença do meu
espírito – simultaneamente. Mas, sou sempre o eu, algo separado do
meu corpo, da minha alma e do meu espírito, pois registro todos
eles.
A RELAÇÃO
INTERDIMENSIONAL
Na continuidade
universal, o mais vibrátil de um plano se liga ao menos vibrátil de
outro plano. Forma-se, assim, um campo neutro, uma zona intermediária
que possibilita a homogeneização, a comunicação de um plano para
outro. Podemos fazer uma analogia: uma pedra jogada para o alto ao
perder o impulso, começa a cair. No momento intermediário, quando
pára de subir e começa a cair, ela é regida por força diferente
das duas outras: a que a fez subir e a que faz cair.
Existe,
pois, uma lei, um regime que governa as relações entre as
diferentes dimensões, algo entre dois planos. Esse algo é um
“meio”, ou usando a expressão latina, um medium.
Essa a origem do neologismo brasileiro médium.
Toda ação no
Universo é feita por algo intermediário e isso pode ser facilmente
observado pelo senso comum. Quanto mais complexo é o organismo,
maior é sua ação intermediária. O Homem, o ser humano, é um
médium por excelência. Ele recebe energias e as transforma,
adequando-as a cada setor do universo que o cerca. Ele é mais
importante por ser portador de um espírito, um espírito para cada
conjunto psicofísico. Por isso, ele é diferenciado dos outros
seres. Os outros, qualquer que seja sua natureza, são portadores
apenas de corpos e psiques ou almas, o princípio organizador e
mantenedor da vida. A alma é maior ou menor, segundo a complexidade
do organismo que anima. Ela mantém vivo, dá a vida, dirige o
organismo em suas relações com o meio. Esse meio é limitado –
tem um sentido horizontal; não cria, apenas transforma. Só o
espírito traz uma finalidade, um rumo, um objetivo. Só ele tem um
sentido vertical, mais amplo, ilimitado em relação à natureza.
O
momento, isto é, o ato de fazer um contato entre dois campos
vibracionais, dois planos, é que estabelece a individualidade.
Ele diferencia o estado intermediário, o campo de encontro, porque
esse momento não pertence nem a um nem a outro dos planos que se
encontram.
Esse ponto morto de
dois campos gravitacionais é semelhante ao conceito de morte – a
passagem de um plano para outro. Talvez, seja a isso que Jesus se
referia, quando disse que “é preciso morrer para ter a vida”,
isto é, nascer de novo. Sem a exaustão do percurso de um campo
vibratório não se pode penetrar em outro campo, noutra dimensão.
Esse é o sentido
profundo, mas exato, verificável, de fácil percepção das relações
interplanos.
DEFINIÇÃO DE
MÉDIUM
Abordamos o sentido
generalizado de médium: o ser humano como intermediário –
recepção e emissão – de muitas forças.
O espiritismo
tradicional, ou mais precisamente, o Kardecismo, conceituou o médium
como o ser humano excepcional, portador de poderes psíquicos que
possibilitam o contato com os chamados espíritos. A conceituação
kardecista de espírito é ampla e abrange muitas categorias. Mas, o
sentido desenvolvido na prática foi o do contato com espíritos que
já tenham tido corpos, isto é, já tenham sido seres humanos. Essa
preocupação reduziu a grandiosidade do Kardecismo e o espiritismo
arcou com o ônus de ser a doutrina dos mortos – o que o Kardecismo
não é realmente.
Mais de cem anos
depois, talvez sob a inspiração do próprio Kardec, verifica-se que
não existem poderes psíquicos especiais, mas apenas emissão de
forças, energias naturais comuns a todos os seres humanos. Vê-se
também que todos os seres humanos usam essas energias, pois, sendo
elas naturais e integrantes do processo biológico normal,
ser-lhes-ia impossível deixar de usá-las.
Outro fato tranqüilo
é o relacionamento interplanos, o contato entre as dimensões, a
osmose universal. Esse fato só permanece obscuro porque se
convencionou que contato é o que se faz pelos sentidos, convenção
essa fácil de ser derrubada no moderno pensamento científico.
Se
admitirmos, pois, a existência de espíritos, seres atômicos,
moleculares, cujo habitat
é outra dimensão vibracional, somos obrigados, por definição, a
admitir a relação desses espíritos com os seres físicos –
naturalmente.
O contato se faz com
mais precisão pelo ser humano, por ser este portador de um ou mais
espíritos. Um ou mais, porque, no caso das obsessões, mais de um
espírito habita o mesmo corpo, formando a base das esquizofrenias.
A conscientização do
mecanismo desse contato, que é feito à nossa revelia, é que
diferencia o médium natural do médium no sentido espírita da
palavra.
O desenvolvimento da
técnica de contato conscientemente, permite ao médium ir além do
relacionamento com seu próprio espírito e controlar o fenômeno,
também natural, de relações com outros espíritos.
Médium
é, pois, um ser humano normal que utiliza conscientemente suas
faculdades mediúnicas. Mediunismo
é o conceito organizado desse processo.
MEDIUNIDADE E
MEDIUNISMO
Mediunidade é a
faculdade, a maneira como essa energia se manifesta no ser, seja ele
humano ou não. É uma energia que emana do corpo físico e se
conjuga, na sua manifestação, com o mecanismo psicofísico.
Basicamente, ela é igual em todos os seres, porém, varia em teor,
quantidade e forma, de um para outro. Não existem dois médiuns
iguais, como não existem dois seres humanos iguais. Mas todos são
médiuns na sua condição de seres humanos.
Mediunismo é o
conjunto técnico-doutrinário que estabelece as maneiras de
manipulação da mediunidade. Suas bases repousam nas mais profundas
raízes da Humanidade, uma vez que sempre existiu como parte
integrante dela. É um pouco ciência, arte, religião e bom senso.
MEDIUNISMO E
PARAPSICOLOGIA
Charles Richet
analisou os fenômenos, considerados paranormais, pelo método da
observação científica, e é considerado o “pai da
Parapsicologia”.
Allan Kardec,
observando os mesmos fenômenos, classificou-os por métodos
diferentes, e é considerado o “pai do Espiritismo”.
O primeiro reduziu o
fenômeno ao âmbito do conjunto psicofísico e ignorou a presença
do fator espírito. O segundo considerou o fator espírito e
dimensionou o fenômeno em termos religiosos.
Se os dois métodos de
observação, ambos válidos e perfeitamente aceitáveis,
continuassem em paralelo, a Parapsicologia se tornaria Espiritismo e
este se tornaria Parapsicologia. Se ambos caminhassem para um
denominador comum, ambos se tornariam Mediunismo.
Assim se apresenta o
fenômeno nos dias atuais. A Ciência procura determinar a existência
do espírito no laboratório, e o Espiritismo procura uma ciência do
espírito. Ambos permanecem ainda inconclusos.
O fenômeno, porém,
sempre existiu e não depende de métodos ou de conceituações para
existir. É, pois, um contra-senso querer eliminar um em benefício
do outro. A Parapsicologia é tão válida quanto o Espiritismo, e
vice-versa. Se o fenômeno que ambos observam é o mesmo, ele acabará
por se evidenciar, graças exatamente às experiências cada vez mais
intensas em torno dele.
Sempre que um
parapsicólogo provoca um fenômeno dessa natureza, ele põe em
funcionamento os mesmos mecanismos que um espírita poria. O primeiro
atribuirá os resultados aos poderes ocultos do ser humano; o segundo
os considerará como poder dos espíritos.
Conclui-se daí que as
posições assumidas são apenas de conceituação filosófica, o que
absolutamente não afeta o fenômeno. O Mediunismo, como perspectiva
ampla, irá atenuar essa luta inócua.
A ORGANIZAÇÃO
CRÍSTICA
No seio das inúmeras
civilizações que já existiram neste planeta, sempre houve sistemas
de relacionamento interplanos. Se observarmos, para a medição do
tempo, não importa qual seja o calendário, verificaremos o registro
de ciclos relativamente iguais em períodos diversos. Dentre eles, o
mais simples para nossa observação, é o de dois mil anos. Nesses
ciclos observa-se certa regularidade nos acontecimentos que os
caracterizam. Talvez, quando a História for mais científica, isso
possa ser verificado com maior acuidade.
Assim é que vemos o
Cristianismo. A vinda de Jesus ao planeta não só foi precedida por
uma série de fatos inusitados, mas também seguida por eventos cuja
trajetória pode ser traçada com nitidez.
Tais fatos, observados
em conjunto, nos dão a idéia clara de organicidade e dinâmica,
apesar do seu registro se fazer sempre em relação a outros
movimentos da História.
Se olharmos com
isenção podemos detectar claramente a Organização Crística.
A resistência do
Evangelho a todas deformações e as muitas práticas em nome de
Jesus demonstram, claramente, a existência de um sistema, uma
organização fundamental que resiste a todas as interpretações.
Dentre as muitas
coisas sugeridas no Evangelho, emerge com clareza a organização
mediúnica. O apostolado e toda a gama de missionarismo nos dão
idéia clara do sistema intermediário entre o Céu e a Terra. Assim
nasceram as religiões e as idéias do ser neutro – em da Terra nem
do Céu, os pontos mortos do alto da lei física.
Hoje, pode-se falar
claramente em termos de plataformas espaciais, que são as casas
transitórias do Espiritismo, mundos organizados como pontos
intermediários entre duas dimensões vibracionais. Se observarmos o
Evangelho sem preconceitos, encontraremos um tratado técnico de
Mediunismo.
Entretanto, é preciso
lembrar que o Mediunismo é uma das facetas do Evangelho e do ser
humano. A mediunidade é, apenas, o elemento de ligação entre as
atividades sutis do espírito e a trajetória do Homem na Terra.
MEDIUNISMO E
RELIGIÃO
Religião é um
conjunto de conceitos que procura estabelecer uma ligação entre
dois pontos desconhecidos – o princípio e o fim das coisas.
Por ultrapassar os
limites do verificável pelos sentidos, ela estabelece a fé, a
crença, como norma de aceitação. Como esses conceitos variam no
tempo e no espaço, formam-se religiões características em
determinados momentos sociais.
Basicamente, consiste
numa forma padrão de comportamento que estimula, além do conjunto
psicofísico, o mecanismo espiritual. A prática religiosa procura
despertar as forças latentes dos seres humanos no sentido de servir
a Deus, em detrimento da tendência natural de servir ao Diabo, Deus
e Diabo representando forças opostas e extremadas. Em todas as
religiões, as duas figuras emergem com nomes e representações as
mais variadas.
Como a religião
considera o espírito fator fundamental, ela manipula, com toda
naturalidade, as forças naturais de ligação, os pontos
intermediários – o Mediunismo.
Concluímos, pois, que
a mediunidade é a força básica e instrumental de todas as
religiões e o principal fator da atitude religiosa. O estudo do
mecanismo das religiões leva-nos a distinguir facilmente as práticas
mediúnicas.
A não aceitação
desse fator torna a religião motivo de angústia e sofrimento,
quando deveria ser exatamente o contrário. Cada ser humano traz
consigo sua programação própria, sua maneira de servir o destino.
Traz, também, as forças necessárias, as armas próprias para a
ação.
A tentativa de
padronização do comportamento produz a angústia. É desumano
viver-se sob o peso do medo, pecando não contra a consciência, mas
contra um conjunto de textos.
MEDIUNISMO E CIÊNCIA
A Ciência é uma
religião às avessas.
No tempo de Pasteur
chegava-se a ridicularizar a idéia da existência dos micróbios.
Como conseqüência, matava-se cientificamente por falta de assepsia.
O mesmo aconteceu aqui no Brasil com relação à febre amarela. Os
jornais da época estão cheios de charges que ridicularizavam
Oswaldo Cruz e a vacina.
Allan Kardec foi o
Pasteur do mundo invisível do espírito. Só que o tempo ainda não
foi suficiente para sua valorização universal.
Entretanto, a
fenomenologia deste fim de ciclo irá trazer à luz os fenômenos
espirituais com tal evidência, que a Ciência terá que se voltar
para eles e colocá-los no lugar devido.
Além do processo
reencarnatório, o Mediunismo evidencia a existência do ectoplasma
e, com base nesses dois fatores, a Ciência irá encontrar elementos
que se coadunem com a atitude científica.
Segundo
literatura recente, dão-nos conta de que na Inglaterra, os
cientistas conseguiram registrar um tipo de energia, batizado de
Fator
L.
Em São Paulo, o cientista Hernani de Guimarães Andrade escreveu um
ensaio denominado “Teoria Corpuscular do Espírito”. Em todo o
mundo se estuda o sistema de fotografia chamado Efeito Kirlian.
Poderíamos citar ainda inúmeros exemplos do interesse da Ciência
pelo mundo invisível do espírito. Mas nos preocupa o fato de tais
estudos estarem ainda no nascedouro e, enquanto isso, milhares de
seres humanos estão perdendo sua oportunidade neste planeta.
O Mediunismo, com toda
sua simplicidade, poderá apressar o processo científico e
oficializar os meios de reequilíbrio humano, tanto no campo físico
como no psicológico.
Não existe conflito
entre a atitude científica e a manipulação mediúnica. Ao
contrário, ambos podem se beneficiar se tomarem caminhos
convergentes.
CAPÍTULO II
A VIDA FORA DO MUNDO
FÍSICO
A ENCARNAÇÃO
“Na casa de meu Pai
existem muitas moradas” – a expressão evangélica é o paradigma
de referência para a crença na habitabilidade de outros mundos.
Mas, pouco ou nada sabemos como os espíritos moram nessas paragens,
como são seus corpos ou sua vida social. Admitindo a reencarnação,
teremos que acreditar que o espírito vem de algum lugar organizado e
no âmbito de um planejamento reencarnatório. A literatura espírita
nos traz algumas revelações, as quais, devidamente escoimadas do
formalismo humano, se coadunam perfeitamente aos objetivos desta
doutrina.
Assim, podemos aceitar
que o espírito vem de um sono hibernal e que traz, no âmago do seu
ser, a memória sintética das experiências anteriores. Ele vem para
a Terra a fim de completar o ciclo dessas experiências, retificar os
erros de sua trajetória ou retomar alguma tarefa interrompida em
encarnação anterior.
Além da razão do
espírito vir para a Terra, existem muitas perguntas em torno das
finalidades da existência humana. Cremos, porém, que as respostas
serão sempre aleatórias, pois se trata de especulação da mente
divina, fora da nossa capacidade psicológica.
Mas, se o espírito
traz consigo sua memória de atividades anteriores, temos que aceitar
ser a atual a resultante dessas experiências, desse condicionamento.
O equilíbrio do Homem consiste, justamente, em harmonizar suas três
faixas vibratórias com o mapa desse roteiro. O ser humano só é
equilibrado quando vive em paz consigo mesmo, com os caminhos que
escolheu anteriormente, com a trajetória de seu próprio espírito.
O processo
reencarnatório é a morte às avessas, a exaustão da vivência em
determinada faixa e o início em outra faixa – o espírito deixa um
mundo e penetra em outro. O sistema gestatório é a forma mais
perfeita para essa transferência. As vibrações sutis que presidem
a fecundação e a formação do ser têm justamente as condições
estáticas do ponto morto da Física.
O anseio que preside a
alma de retorno às origens, a imensa saudade das condições
pré-natais, tem sua origem nesses momentos de não ser, que vão
desde o ato do amor até o nascimento, quando cessa o não ser, não
existir, e se chora por se tornar um ser que passa a existir. É o
mistério do amor, da criação.
GUIAS E MENTORES
No vasto planejamento
sideral, o ser tem sua reentrada no planeta bem delineada.
Como acervo, ele traz
consigo as conquistas de sua trajetória anterior, de todos os
recantos do Universo onde haja passado.
Embora seja único, na
complexidade do seu vir a ser constante, sua existência é sempre
relacionada com outros seres que também fazem suas trajetórias.
O ser percorre trechos
diversos, com seres variados, porém sempre ligados entre si no
caminho maior. Assim, núcleos, átomos, moléculas, células,
falanges de espíritos afins, em gigantesco concerto, percorrem
universos, formando hierarquias infinitas.
Uns são instrutores
de outros, alguns num plano, outros noutro, alguns descendo para o
vértice involutivo, outros subindo para a meta evolutiva.
Guias e Mentores são
os espíritos responsáveis pela etapa terrena de outros espíritos.
O
Mentor
é o espírito zelador do programa que o espírito delineou para si
na presente encarnação.
Como o engenheiro que
acompanha a obra em andamento, ele assiste o espírito na sua
personalidade transitória. Obrigado a respeitar o livre arbítrio do
seu tutelado, ele usa de todos os meios possíveis para que ele
obedeça à planta da obra, sem arranhar a sua liberdade.
Um
espírito pode ser o Mentor de vários espíritos, embora se
apresente a cada um deles com uma roupagem
diferente.
Guias
são espíritos amigos do encarnado que o ajudam na realização de
sua missão. O Mentor é o responsável pelo destino cármico e pelo
êxito de uma existência.
A vida na Terra é
como um curso universitário. O aluno escolhe as matérias, faz o
vestibular, as provas, e sai diplomado ou não, conforme tenha sido
bom ou mau aluno. O Mentor eqüivale ao reitor e os Guias são como
os professores.
Como na escola, a vida
terrena é livre e depende do livre arbítrio do Homem.
No Mediunismo, o
Mentor é o espírito que assiste o médium na sua vida e com ele
trabalha em suas linhas mestras. Os Guias são os espíritos que
trabalham com os médiuns na execução de suas mediunidades.
Assim como os
professores na Terra têm muitos alunos, os Mentores celestiais
também têm muitos tutelados, e os Guias muitos alunos.
A RECEPTIVIDADE DOS
SERES HUMANOS
O aparelho humano é o
mais complexo e sensível receptor e transmissor da Natureza. Os
outros animais têm alguns sentidos mais apurados, como o cão ou a
borboleta, porém sempre no rumo de especialização ou finalidade
restrita, afeitos ao plano denso da organização física. Há muitos
mistérios nos mundos animal, vegetal e mineral que ainda não foram
decifrados pelo Homem. Mas, verifica-se que as ações são sempre
relacionadas com a sobrevivência física do indivíduo e da espécie.
A Ciência nos mostra isso cada vez com maior acuidade e clareza.
As deficiências do
Homem são apenas aparentes. Ele não consegue perceber o som tão
bem como o cão, mas sua capacidade seletiva lhe permite registrar
mais que o cão. Verifica-se, então, que a Natureza tomou cuidados
especiais em preservar a tônica humana, para a gama sensorial
estritamente indispensável para a vivência física. Aldous Huxley,
na sua obra “Às Portas da Percepção”, nos mostra como a função
enzimática é redutora dos sentidos.
O hábito de se fechar
os olhos para se concentrar em algo especial evidencia isso com muita
propriedade. Procedemos assim para eliminar os estímulos visuais do
exterior e, com isso, nos tornarmos mais sensíveis aos estímulos da
memória. Para sermos mais receptivos ao nosso mundo psicológico,
diminuímos o máximo a recepção aos processos físicos.
Somos senhores da
técnica seletiva e atendemos ao mundo físico ou ao mundo
psicológico, conforme nossos interesses. Este trabalho pretende
mostrar o que fazemos para a recepção às emissões de nosso mundo
espiritual e como melhorar essa técnica seletiva.
A RECEPTIVIDADE
MEDIÚNICA
Mediunidade é uma
forma de energia, partículas em movimento e, portanto, condutora.
Sua vibração supera as dos mundos físico e psicológico. As coisas
que acontecem pelo processo mediúnico são muito mais rápidas que
as que acontecem no físico ou no psíquico. Um Homem está vivendo,
isto é, digerindo, movimentando etc., seu cérebro está pensando e
os processos são interdependentes com certa sintonia. Mas o campo
vibratório do seu pensamento é sempre mais rápido que o da sua
vivência física. Ele pensa ou faz de acordo com seu interesse no
momento. Seu campo consciencional está focalizando numa ou noutra
forma de ação (pensar ou fazer são apenas formas de ação).
Enquanto pensamos ou
agimos, nosso espírito também age, através do processo mediúnico.
Sua ação é semelhante à do mágico, que tira a toalha da mesa sem
entornar os copos e as garrafas.
Decidimos, com base
nos processos lógicos, porém, por trás de todas as decisões, está
o substrato de nosso espírito que, às vezes, nos leva a caminhos
inesperados.
Cada campo vibratório
é pleno de agentes relacionados entre si. Assim é que fazemos
nossos contatos particulares, nosso ambiente. Existe, pois, com toda
naturalidade, um ambiente físico, um psicológico e um espiritual.
Com isso, pode-se
colocar tranqüilamente o Mediunismo junto à Fisiologia e à
Psicologia.
Para a Ciência do
Homem se tornar mais completa falta apenas admitir o fator
espírito/mediunidade e a psicossomática se tornar
espírito/psicossomática ou, simplificando, Somática.
Há, pois, muita
objetividade, muita clareza no relacionamento do Homem com seu
espírito, desde que admitamos como natural a existência autônoma
do espírito. Como conseqüência lógica, teremos que admitir o
relacionamento do Homem com outros espíritos sem alma e sem corpo.
Embora devamos ter
certa cautela na classificação, poderemos dizer que uma pedra, um
pedaço de madeira, uma célula ou um cadáver seriam simples corpos.
Um ser humano possui um corpo, uma alma e um espírito. Um espírito
desencarnado é um ser humano que tem uma alma e um espírito, mas
não tem corpo físico. Um espírito puro não tem alma nem corpo.
O DESENCARNE
Terminado
o curso na escola da Terra, o espírito deixa o corpo e penetra em
outras dimensões. Como bagagem, ele leva consigo alma, e a conserva
enquanto está a caminho. Para que a alma subsista ao desencarne ela
separa do corpo físico parte do sistema nervoso, a estação
central,
onde todo o sistema da personalidade está concentrado.
Enquanto o espírito
está ligado à alma, ele é obrigado a permanecer no campo
vibratório dela e fica sujeito às leis que regem esse plano.
Da mesma forma que a
alma se alimenta, no ser vivo, das energias sutis produzidas pelo
corpo, ela continua se alimentando depois do desencarne. Como não
tem corpo para seu sustento, ela passa a se alimentar de outros
corpos e isso estabelece o relacionamento inevitável entre vivos e
mortos.
Isso explica toda uma
série de fatos estranhos que acontecem na Terra e que devem ser
examinados com simplicidade, se quisermos nos equilibrar em relação
ao todo.
O desencarne é
simples e difícil ao mesmo tempo, e exige assistência, tanto no
plano espiritual como em nosso plano. Se o paciente é bem ou mal
assistido, isso depende da maneira como viveu.
O processo dura cerca
de vinte e quatro horas, no desencarne considerado normal, isto é, o
que se dá por moléstia. Depois do último suspiro, ou seja, a
cessação do processo metabólico, o espírito deixa o corpo e se
coloca pouco acima dele, em posição inversa relação à cabeça,
se o paciente estiver deitado em decúbito dorsal.
A partir desse
momento, começa a absorção do acervo da personalidade que acaba de
morrer. Na medida em que o espírito vai recebendo os fluídos e
emanações, ele vai formando um novo corpo, e este vai se
distanciando do cadáver. Terminado o processo, o novo habitante do
mundo invisível se afasta e o corpo inanimado entra em decomposição.
Nesse mundo, o
espírito, com toda a bagagem, entra no estado semelhante ao do
indivíduo que acabou de falecer. Ele ainda é considerado um
cadáver, até que o destino tomado lhe dê condição de vivente do
plano em que se encontra.
Essa é uma idéia
generalizada sobre o desencarne. É preciso, porém, não esquecer
que cada ser humano tem sua própria maneira de morrer, assim como
teve a de viver.
Nesse processo, o
sistema nervoso desempenha um papel importante. Como um esquema de
memória, ele representa a base material onde se agrega o acervo
recebido. Isso explica certas moléstias cármicas, que têm origem
na existência anterior.
Se o desencarne se deu
por outros meios que não a moléstia, digamos num desastre, o
mecanismo é mais ou menos o mesmo. A diferença é que o desencarne
se processa antes do ato traumático. A pessoa que dirige um carro
que irá chocar-se dali a alguns instantes (ou mesmo horas), já tem
o seu desencarne feito.
Livre
do envoltório físico, o espírito é encaminhado a um lugar no
espaço que, em nossa corrente, é chamado de Pedra
Branca.
Nesse lugar dimensional ele fica entregue a si mesmo, durante um
tempo equivalente a sete dias da Terra. Ali ele chora, maldiz,
rejubila-se, alegra-se ou se entristece, na medida em que vai tomando
conhecimento do que lhe aconteceu. Seu despertar é o momento solene
do exame de consciência sem as distorções do mundo sensorial e
dinâmico.
Após esse período,
em se tratando de uma criatura comum, o Mentor o apanha na saída e o
traz para a superfície, em busca do fluído necessário para a
viagem ao destino merecido.
Esse é o momento
crítico do recém-desencarnado.
Se
cumpriu seu destino e exauriu seu carma, ele abandona o plano físico
e é levado para uma estação intermediária do etéreo, conforme a
falange ou família espiritual a que pertence. Nessas
casas transitórias ele
se prepara para voltar ao planeta de origem, onde estava antes de vir
à Terra.
Devido
às condições difíceis desse período, o espírito é chamado de
sofredor.
Esse estado pode durar apenas alguns dias ou séculos. Isso depende
somente dele. Se o Mentor não consegue encaminhá-lo logo após a
volta de Pedra Branca, ele o deixa entregue ao próprio destino, pois
terminou sua missão junto àquele espírito. Esse se torna, assim,
um espírito errante, que vai, aos poucos, perdendo a identidade,
atraído por outros espíritos nas mesmas condições, para as
macumbas e ambientes semelhantes.
Há, pois, duas
maneiras básicas de um espírito cumprir seu destino na Terra. A
normal é a luta como ser vivo, com suas tramas, conflitos,
reajustes, vitórias e derrotas, até a exaustão de todos os
compromissos. A outra é a da fuga, do suicídio lento e ausência do
aproveitamento das oportunidades evolutivas. Isso leva ao parasitismo
e à dependência do meio ambiente, que resulta no desencarne com
dívidas ainda por saldar.
Nessa condições, o
desencarnado é obrigado a permanecer na Terra, e se torna um
sofredor. Mas a misericórdia divina, ainda assim, lhe dá novas
oportunidades, pois ninguém é abandonado nesse mundo de Deus.
Com os fluídos
emanados do plexo solar dos médiuns de incorporação e com a
doutrina fluídica dos médiuns Doutrinadores, ele consegue sua
redenção, completa sua trajetória e vai se preparar para novas
encarnações.
ESPÍRITOS
SOFREDORES
Sofredor e, portanto,
o espírito desencarnado que permanece no plano da Terra, nos
submundos que circundam a superfície. Chama-se, também, espírito
errante, alma do outro mundo e outros nome que as superstições e as
crendices os denominam. Sua situação é análoga à de uma pessoa
marginalizada, sem endereço ou emprego fixo.
No plano em que vive,
não existe a luz solar, o som e outras formas energéticas do plano
físico. Aí ele se liga a outros espíritos nas mesmas condições,
e forma com eles falanges e até legiões.
O tempo de permanência
nessa situação varia conforme o destino de cada um, até a exaustão
de seus compromissos ou resgate no Sistema Crístico, nas suas
múltiplas manifestações mediúnicas.
Ele se alimenta das
energias sutis e fluídicas dos seres humanos, do ectoplasma colhido
de plantas, animais, trabalhos de macumbas e outras fontes
desconhecidas dos humanos.
Possui um peso
molecular variável com sua densidade. Quando doutrinado e
fluidificado a um ponto ideal, adquire leveza suficiente para ser
magneticamente levado para os postos de socorro espiritual.
Ele se liga ao ser
humano pela gradação vibracional e só encontra acesso quando a
vibração do encarnado desce até à sua. Normalmente, sua
influência é neutralizada pelo mecanismo biológico em seu contexto
psicofísico. Essa relação é análoga aos fatores simbióticos do
ser físico: respiramos micróbios e impurezas e os neutralizamos com
nosso mecanismo de defesa. Se esse mecanismo enfraquece, ficamos
doentes.
Da mesma forma, se
nosso padrão vibratório é baixo, nós somos tomados, carregados,
espiritados, etc. Esse mecanismo determina a posição voluntária de
cada ser humano. Ele é responsável pelo seu padrão e, por
conseqüência, pela companhia em que vive a cada momento de sua
vida.
O Evangelho é um
manancial de lições a esse respeito, pois nele encontramos inúmeras
citações de problemas de passagem e redenção de sofredores. A
mais notável é aquela em que Jesus dá passagem a uma legião de
espíritos através de uma manada de porcos. Naquele tempo, havia
tantos espíritos desencarnados, ainda na Terra, que era comum um
Homem ser portador de mais de um espírito, havendo casos em que
muitos espíritos habitavam o mesmo corpo, como no caso acima.
O Sistema Crístico,
adequado aos dois mil anos que se sucederiam ao nascimento de Jesus,
incluiu a organização das casas transitórias e, já no tempo do
Mestre, elas entraram em funcionamento.
De muita flexibilidade
e previsto para as mais variadas situações, o Sistema foi se
espalhando pelo planeta, tomando as aparências mais diversas,
conforme as épocas e lugares. Assim, nasceram mitos, religiões,
doutrinas e práticas esotéricas, em cujas raízes se encontra,
sempre, a base do sistema mediúnico.
No Brasil de hoje, o
Sistema se chama sessão espírita, trabalho de sofredores, passagem,
sessão de doutrina, etc.
É preciso que se
note, entretanto, que o Mediunismo independe, no seu mecanismo
básico, de um trabalho organizado. Os socorristas espirituais se
aproveitam de qualquer circunstância humana, principalmente reuniões
de pessoas, para fazerem a passagem dos espíritos sob sua
responsabilidade. Nesse caso, qualquer ser humano atua como médium,
mesmo sem o saber.
Mas o esquema só
funciona em sua plenitude quando sob os auspícios do Evangelho. A
técnica da passagem é acessível a qualquer um, porém, a moral e
as razões mais profundas somente são do domínio de pessoas
evangelizadas. É, também, natural que, em épocas de transição,
como é a nossa, a necessidade de trabalho seja maior.
Cumpre notar que se
torna muito difícil, senão impossível, qualquer doutrina religiosa
evoluir sem a preocupação com os sofredores. Esses asfixiam os
grupos pelo simples fato de seus componentes serem humanos e
possuírem, gostem ou não, seus plexos epigástricos – o Sol
Interior.
EXUS E OBSESSORES
Exu
é um nome muito generalizado, que se dá a certos espíritos
desencarnados e que atuam como líderes do plano invisível da Terra.
Geralmente, são seres humanos, cultos e inteligentes, que
desencarnam sem terem compreendido nem aceito o Cristianismo.
Eles aceitam Deus à
sua maneira e manipulam as energias mediúnicas em consonância com
as suas próprias maneiras de ser, isto é, sem submissão aos planos
da Lei do Amor e do Perdão. Eles fazem suas próprias leis.
O Doutrinador deve ter
certa cautela na utilização da palavra exu, pois é um pouco vaga e
quer dizer muita coisa. Um simples sofredor, incorporado num médium
mal desenvolvido, pode parecer um exu.
Na
verdade, eles incorporam, de preferência, nos seus cavalos,
médiuns afinados com suas finalidades, que variam conforme o tipo de
exu e o meio ambiente onde opera. Seus fins são sempre dirigidos
para o enredo normal da vida humana e falta, na sua caridade, a
sublimação evangélica.
Eles
se agrupam em falanges, como quaisquer outros espíritos, e formam
linhas,
conforme suas especialidades. Certos tipos de exu pertencem a escolas
e universidades e manipulam tremendas forças invisíveis.
Dessas bases, eles
comandam sua ação junto aos seres humanos, sempre segundo sua
maneira de ver e conceituar, como os seres humanos deveriam ser ou
fazer. São eles os inspiradores de doutrinas estranhas, de guerras e
demandas, sempre, porém, pautadas pela não aceitação da Lei do
Perdão.
Obsessor
é um espírito que mantém um relacionamento direto com um ser
humano encarnado, por afinidade. Essa afinidade, em geral, decorre de
um relacionamento estabelecido quando ambos habitavam o mesmo plano.
Obsidiar significa
perseguir, assediar, manter o cerco. O obsessor é um espírito que
persegue, assedia um encarnado, para cobrar uma dívida da qual se
acha credor, num sentimento de ódio ou amor mal interpretado.
A categoria do
obsessor varia ao infinito e cada caso de ser examinado à parte. O
mecanismo da obsessão é sempre o mesmo: troca de energias entre o
obsessor e o obsedado, de forma mais ou menos constante. Um sofredor
ou vários podem passar pela nossa vida sem serem obsessores, pelo
simples fato de não termos relações pessoais com eles.
O obsessor é, sempre,
um inimigo pessoal. Um sofredor pode ser afastado com um simples
trabalho mediúnico e, às vezes, até sem ele. Mas, para que haja o
afastamento de um obsessor, é necessário que a razão do assédio
seja resolvida, a dívida saldada. Afastamentos feitos sem as devidas
cautelas resultam pior do que a própria obsessão.
ESPÍRITOS DE LUZ
A partir da
concentração molecular da matéria densa, podemos conceituar a
vida, no âmbito do Mediunismo, em termos de vibração. Nesse
sentido, a matéria sólida, os líquidos, os gases, o som, a luz,
etc. são estados vibracionais.
Conforme
o tipo do corpo de que o espírito é revestido, ele está sujeito
àquela gama vibratória. Um espírito encarnado age através do
corpo físico, um desencarnado do etérico, do astral ou do mental,
de acordo com as vibrações desses planos. Ao atingir determinado
grau evolutivo, sem compromissos nesses planos, o espírito adquire
uma vibratilidade, cujo conceito mais apropriado, em termos de
sentidos humanos, é a luz. Costumamos dizer, então, que o espírito
é pura luz. A partir daí, conceituamos os Mentores e Guias, que
assistem os terráqueos, em termos de Espíritos
de Luz.
Espíritos de Luz
seriam, então, os que já superaram a faixa reencarnatória em
termos pessoais. Quando há reencarnação desses espíritos na Terra
é, provavelmente, para o exercício de missões a serviço dos
planos divinos e não em funções cármicas.
Naturalmente, os
conceitos desses espíritos estão fora do alcance humano e sua ação,
na Terra, deve obedecer a planos incompreensíveis para nós,
encarnados.
Isso é relativamente
fácil de verificar, no contato com esses espíritos, qualquer que
seja a modalidade de comunicação. Em nenhuma hipótese, eles
invadem o campo de nosso livre arbítrio, ou nos levam a alguma
decisão que contrarie nosso destino transcendental. Suas ações são
inexoravelmente em termos de nossa evolução, da abertura para o
espírito. Embora respeitem nossos valores, jamais criticando as
coisas de nossas vidas, ou da vida em geral, eles procuram mostrar o
caminho da realização através desses mesmos valores. Eles
respeitam a nossa condição de espíritos encarnados. Castigos,
punições, lições de moral, estão fora, completamente, das
atitudes de um Espírito de Luz.
Ao contrário, um
espírito da Terra, ainda que muito evoluído, pauta, sempre, sua
ação em termos de aconselhamento, de vida moral, de formas de
comportamento. Eles fazem questão de demonstrar seus poderes ou sua
eficácia, e acabam, quase sempre, se tornando patronos. Os grupos
dirigidos por espíritos da Terra acabam, sempre, por se preocupar
com problemas sociais, dão demasiada ênfase à caridade material e
à correção das injustiças sociais.
Com isso, a vida
mediúnica se horizontaliza, se impregna do transformismo da
personalidade. O grupo assim orientado, se preocupa com as bases
materiais da obra, com os resultados palpáveis, com estudos e
conceituações doutrinárias. Em resumo, ele se humaniza, em vez de
se divinizar.
Nesse caso, as ações
e a orientação refletem o nível social do grupo. A justiça
praticada pode chegar, até mesmo, aos termos de punição, vingança
e corrigendas de comportamento.
Nesses grupos, o
ectoplasma circulante é impregnado dos fluídos do plano invisível,
resultando daí uma divisão de forças, uma homogeneização em
termos diluentes. O mundo invisível não produz energias, mas, ao
contrário, se abastece de energia do plano físico. É por isso que
o médium desses grupos se cansa, desanima e desiste.
Ao contrário, quando
o grupo mediúnico sintoniza com os Espíritos de Luz, ele recebe
forças do outro plano e, com isso, não gasta suas energias
fluídicas ou nervosas. Um médium, bem sintonizado com seu Mentor,
pode operar horas a fio, e voltar a si em melhores condições
físicas e psicológicas do que quando começou a trabalhar.
Para melhor
compreensão dessas afirmações é preciso entender a diferença
entre plano invisível e plano espiritual, objeto do subtítulo
seguinte.
MUNDO INVISÍVEL E
MUNDO ESPIRITUAL
É mais fácil a
comprovação da existência de planos vibracionais diferentes, na
experiência pessoal e individualizada de um ser humano. Tomando por
base a experiência individual, podemos esquematizar esses planos,
com auxílio das revelações iniciáticas e um pouco de bom senso.
Sob esse prisma, temos
um plano físico, um psicológico e um espiritual, ou seja, do corpo,
da alma e do espírito.
Os grupos iniciáticos
fazem a divisão em sete planos, que seriam: o físico, o etérico, o
astral, o mental e os três planos crísticos ou búdicos – Pai,
Filho, espírito, ou Deus, Verbo e Universo), variando essas
descrições de acordo com cada grupo. Todos, porém, mantêm o
número sete como base. Mas, para nossa compreensão do Mediunismo,
bastam os três planos.
O importante é saber
que o mundo invisível não é, necessariamente, o mundo espiritual,
da mesma forma que o mundo dos micróbios não é o mundo da alma,
embora ambos sejam invisíveis aos nossos olhos.
O mundo invisível que
nos cerca faz parte da Terra, é molecular e tem, portanto, uma
organização, leis que o regem. Sua forma é tal que ele não ocupa
espaços físicos, como um sólido. Uma construção desse mundo
pode, tranqüilamente, ser feita no mesmo lugar onde haja uma
construção sólida. Ele ocupa os espaços intermoleculares do plano
físico e pode coexistir simultaneamente.
Um
corpo físico, sólido, pode ser transformado, na sua organização
molecular, num corpo invisível, ser transportado através dos
sólidos e reintegrado em seu estado anterior. O mesmo pode acontecer
a um corpo do mundo invisível. Esse é o fenômeno básico das
materializações
espíritas. Esse mundo é intensamente habitado por espíritos que
passaram pela Terra e ainda não retornaram aos planos espirituais.
Pertencendo à Terra, eles são obrigados a viver das energias
produzidas nela. Eles manipulam essas energias, não a produzem. Isso
é muito importante, e fundamental de se saber. O espírito
encarnado, o ser humano, absorve energias da Terra física pelo
alimento, pela respiração, etc. O espírito desencarnado não tem
as condições do encarnado, que põe em funcionamento os mecanismos
de produção. Não tendo possibilidades de produzir as energias que
precisa, ele as absorve do encarnado. Mas, para que isso aconteça, é
necessário que essa energia tenha o teor adequado, e isso é feito
pela mediunidade. Num certo sentido, é uma vida parasitária, em que
nada se cria e nem tudo se transforma.
Há algumas coisas
básicas desse mundo que devem ser tomadas em consideração , se
quisermos ter uma posição correta em relação a ele:
- Não há possibilidade de um espírito nessas condições encarnar, isto é, nascer na Terra física; a forma que eles encarnam é pela obsessão, ou seja, sintonizam com um encarnado e ocupam, parcialmente, seu corpo.
- mundo invisível não reflete a luz, o calor, e nem o som do mundo físico. Como uma das conseqüências, eles não têm noção do tempo, da cronologia da Terra. Os fatos que alimentam suas mentes são em menos quantidade que os percebidos por um encarnado. Eles não têm a noção espacial que lhes permita concepções superiores às concepções humanas.
- Eles precisam de nós, mas nós não precisamos deles, a não ser como instrumentos de nossa evolução, do exercício de nossa mediunidade.
- Para nos manter em condições de bons fornecedores, eles procuram nos induzir a formar correntes mediúnicas, sintonizadas com eles. Com isso, eles são a maior fonte de ilusões da mente dos encarnados, e tudo fazem para nos apresentar o seu mundo como o mundo espiritual. Uma boa parte dos atuais seres e máquinas, pretensamente oriundos de outros planetas, vem desse mundo. A plasticidade molecular do mundo invisível é tal que eles podem fazer aparelhos que tenham todas as aparências de artefatos, imaginados pelos seres humanos como interplanetários.
- Conforme o ectoplasma que absorvem, eles são capazes de se materializar no mundo físico, e não o fazem com maior constância em face do enorme dispêndio de ectoplasma que o fenômeno exige.
- A principal fonte de enganos dos seres humanos, ao lidar com esses espíritos, é que eles usam a palavra Deus com muita facilidade. Mas, em raras hipóteses, eles mencionam Jesus ou o Cristo, a não ser para combatê-los. Isso é natural, pois, a impossibilidade da concepção de Deus, por quem quer que seja, na Terra, não impede que se fale em Seu nome. O mesmo não pode ser feito com o Cristo Jesus.
O mundo espiritual só
pode ser entendido e concebido de acordo com a experiência
individual. Mas, dificilmente pode ser descrito ou explicado de
maneira a se formar conceitos. As tentativas nesse sentido são
inteiramente antropomórficas e, portanto, sem validade. Uma delas
estabelece a conceituação de Céu para se referir a esse mundo.
Essa premissa nasceu das páginas do Evangelho; porém, é difícil
separar-se essa idéia do conceito de um estado íntimo do ser
humano, de serenidade, de paz, etc.
Em nosso livro “2000
– Conjunção de Dois Planos” há uma série de revelações,
feitas através da Clarividente Neiva, de informações do contato
com seres de um planeta matriz da Terra, que nos dão uma idéia
aproximada do que seria a vida nos planos espirituais.
Fora das revelações,
feitas por espíritos amigos, achamos muito difícil estabelecer
hipóteses ou premissas em torno das condições de vida nos mundos
extraterrestres.
MISSÃO
Todo espírito que
encarna na Terra tem um programa a cumprir, mas nem todos os
espíritos têm missão.
Na hierarquia sideral,
existem todas as categorias de espíritos e infinitos graus de
evolução. A Terra é uma complexa universidade, com toda categoria
de alunos. Uns vêm, apenas, completar o curso, outros vêm para um
aperfeiçoamento, outros para fazer um curso completo.
A missão se relaciona
diretamente com o tipo de programa que o espírito tem de cumprir. Se
ele se atém somente ao seu âmbito, seus problemas pessoais, sua
faixa é essencialmente cármica. Mas se, além da sua faixa cármica,
ele se compromete a evoluir, cuidar de outros espíritos e ajudá-los,
nesse caso ele tem missão a cumprir.
Quanto maior é a
missão, assim é a faixa cármica do espírito. Esse fato suscita
uma questão de magna importância: então, por que os missionários
sofrem tanto? Por que Jesus sofreu? E os apóstolos, os seguidores de
Jesus, os mártires, por que são sempre ligados a uma idéia de
sofrimento?
A
resposta a essa questão reside em dois pontos básicos: a diferença
entre dor
e
sofrimento,
em primeiro lugar; e as diferenças da tônica magnética dos seres
humanos, em termo de corpo, alma e espírito.
A
Fisiologia e a Psicologia nos dão uma idéia nítida com referência
à dor. Ela é registrada no sistema nervoso consciente, existindo,
portanto, uma consciência
da dor.
Quando se anestesia um paciente para uma operação, o medicamento
paralisa os nervos receptores da região a ser operada (ou o
conjunto, numa anestesia geral), na proporção direta da dor a ser
sentida. Esta, porém, varia de paciente a paciente, e o médico
procura, sempre, evitar o excesso de anestésico. Esse fato pode ser
observado, com mais simplicidade, no dentista. Ele aplica certa
quantidade de anestésico e começa a extração. Se o paciente
reclama, ele aplica mais anestésico. Isso prova maior ou menor
sensibilidade à dor, e esse fato é, na maioria das vezes,
psicológico. Pessoas existem que chegam a dispensar o analgésico,
embora isso raramente aconteça.
Existe, então, um
estado psicológico de sentir mais ou menos dor, facilmente
comprovável na hipnose médica. Uns sofrem mais e outros sofrem
menos, com a mesma dor.
Os missionários têm
tantas dores ou mais do que os que não têm missão a cumprir,
porém, sofrem menos. Isso porque seu campo consciencional está mais
ocupado com os objetivos de sua missão e, assim, ele não tem tempo
para dimensionar sua dor.
A dor psicológica, a
chamada dor moral, segue a mesma fisiologia.
Isso
se prende ao segundo fator, à tônica predominante no ser encarnado.
Se ele não tem missão a cumprir, sua consciência está sempre
ocupada com os problemas do seu corpo ou da sua alma. Mas, se ele tem
missão, a voz do seu espírito é mais forte e ele não tem tempo de
se ocupar da sua personalidade, do seu ego. Daí resulta que podemos
situar a questão em termos de maior ou menor egoísmo.
Para uma pessoa
conservar um corpo atlético, em boa forma muscular permanente, ela é
obrigada a exercícios e cuidados que ocupam boa parte do seu
mecanismo consciente. Sua preocupação com o corpo, assim constante,
dá a ela uma tônica física.
Um intelectual, um
erudito, um cientista ou uma pessoa que dependa do intelecto para sua
trajetória planetária, tem sua consciência predominante no fator
intelectual. O seu campo consciencional é sempre ocupado como os
problemas psicológicos. Sua tônica é a psíquica, sua vida é
centralizada na sua alma.
Um
missionário, um ser humano cujo espírito se comprometeu a fazer
algo por alguém, vive preocupado em sintonizar seu espírito. Seu
campo consciencional se expande em termos espaciais, em captar as
nuanças de sua missão e os percalços da vivência, geralmente
contraditória, com as coisas mais simples da vida. Corpo, alma e
espírito, cada um demandando do eu
a satisfação de suas necessidades, exigem decisões a cada momento,
que são tomadas conforme a tônica predominante naquela vida.
O símbolo mais antigo
da Humanidade é a cruz, e ela exprime, com fidelidade, os três
estados. A haste inferior é o Homem físico, com seu atavismo, o
suporte material da vida; os braços horizontais representam a alma,
os mecanismos psicológicos, o negativo e o positivo, o branco e o
preto, o eterno dualismo em que se debate a mente concreta; a haste
superior representa o espírito, a antena do transcendente.
Antes da consolidação
do ser humano no planeta, quando o Céu se confundia com a Terra,
talvez nos tempos da Lemúria, a cruz tinha quatro braços, iguais e
simétricos. Quem tem olhos para ver...
Missão, pois, é viver
em função do espírito e com os olhos no transcendente. É “amar
ao próximo como a si mesmo...”
CAPÍTULO III
PREPARAÇÃO DOS
MÉDIUNS
FISIOLOGIA DO MÉDIUM
Biologicamente, a base
física da mediunidade é uma energia sutil, comum a todos os seres
humanos, verificável, também, em animais e vegetais.
Ela
tem uma correlação íntima com a circulação e o sistema nervoso.
Basicamente, indica uma produção molecular do sangue ativa no
organismo, que se transforma em energia. Flui através dos plexos
nervosos e extravasa pelas aberturas do corpo, inclusive pelos poros.
Ao ser registrada como uma substância, foi denominada por Richet e
outros de ectoplasma.
Como linguagem comum do espiritismo, é chamada, simplesmente, de
fluído.
Esse fluído atua como
veículo de ligação entre as três gamas vibratórias do ser
humano: os órgãos, os plexos e os chakras. Os chakras eqüivalem,
basicamente, aos plexos, e são como centros nervosos do corpo
invisível, também chamado fluídico e etérico.
Os estímulos
psico-físicos se fazem entre o sistema nervoso vegetativo e o
cérebro/espinhal. Os estímulos espirituais são recebidos através
dos chakras e transmitidos aos plexos, que atuam como
redistribuidores, e vice-versa.
Esse fato tem muitas
implicações, mas podemos afirmar que o desenvolvimento mediúnico
é, em última análise, a conscientização, na mente cerebral, do
funcionamento dos chakras e seu controle volitivo.
Conforme o chakra que
se comunica, será o tipo de fenômeno mediúnico que se realiza.
Chakras correspondem a plexos e estes a órgãos. As posições
desses órgãos, no corpo físico, determinam o tipo de mediunidade.
O chakra frontal, por
exemplo, corresponde ao plexo cardíaco, cavernoso e outros. Esses
energizam o sistema glandular da cabeça, dos olhos, dos ouvidos, do
nariz, etc. As mediunidades que daí resultam são a vidência, a
audiência, a olfação, etc.
O CARMA
Carma (ou karma) é a
palavra sânscrita e bramânica que significa “atos praticados em
outras encarnações, que produziram certos efeitos na encarnação
atual”.
Pelo aspecto
espiritual, tem a mediunidade uma relação direta com a faixa
cármica dos seres humanos. Como conseqüência, pela manifestação
mediúnica pode se determinar, em linhas gerais, o carma de um
indivíduo em extensão e profundidade. Essa correlação, porém, só
é verificável na especificação da exteriorização mediúnica.
Logo, a mediunidade é
uma arma individual que o ser humano traz consigo ao nascer, que lhe
servirá para a defesa nos momentos difíceis de sua vida. Da
eficácia da mediunidade é que depende o sucesso ou o insucesso de
uma existência. Há, por conseguinte, uma relação íntima entre o
carma, a personalidade e a mediunidade.
O ESPÍRITO E A
MEDIUNIDADE
O espírito, ao
reencarnar, traz consigo um programa de ressarcimento e de
retificação, que deverá realizar através da personalidade que
terá na Terra.
Traz,
ainda, sua missão como individualidade,
ou seja, como um ser transcendental que irá contribuir para o
progresso humano. Na realização dessa missão, a mediunidade é
sublimada e se espiritualiza.
Há,
pois, dois aspectos da mediunidade: o cármico,
em que ela atua como fator de equilíbrio dos conflitos da
personalidade, e o espiritual,
em que ela é a manifestação da obra do espírito.
Dizemos, então, que na
mediunidade do espírito, ou seja, o espírito agindo na qualidade de
intermediário da ação crística na Terra, como um missionário, é
um colaborador da obra divina.
É difícil, mas não
impossível, distinguir-se as duas formas de mediunidade. A
observação desse fato é feita na prática do mediunismo, quando se
acompanha a evolução do médium. No princípio, ele manifesta
transes angustiados, nos quais mal se distinguem as presenças da
Terra ou do Céu. Passado algum tempo, na proporção em que a faixa
cármica vai se extinguindo, os transes vão se tornando mais suaves,
mais nítidos e positivos. A partir daí, os fenômenos de que ele se
torna portador vão revelando a sua missão, se espiritualizam.
Isso mostra que a
mediunidade cármica tende a ser transitória e se identifica com a
personalidade. Com o revelar da missão, o espírito começa a
predominar, e a personalidade se retrai. Enquanto esta sofre, morre
um pouco todos os dias, o espírito desperta, torna-se marcante e
executa sua parcela no planejamento sideral.
TIPOS DE MEDIUNIDADE
Por ser comum a todos
os seres humanos e ter sua manifestação individualizada, pode-se
dizer que existem tantas mediunidades quantos são os seres.
Nessa visão ampla, a
mediunidade existe e funciona em todos, à revelia de qualquer
prática doutrinária ou religiosa.
No âmbito doutrinário,
o fenômeno pode ser relativamente delimitado.
Teremos, assim, tipos
de mediunidade, formas mais comuns de exteriorização, que podem ser
classificadas segundo um critério espírita. Mas, é preciso notar
que o espiritismo popular tem confundido mediunidade com o fenômeno
da incorporação, que é apenas uma manifestação da mediunidade.
Nesse caso, mediunidade e incorporação seriam a mesma coisa.
Por
ser mais prático, no desenvolvimento inicial da mediunidade a
Corrente Indiana do Espaço estabeleceu, no Templo do Amanhecer, duas
mediunidades básicas: incorporação
e
doutrina.
Assim, são chamados
médiuns de incorporação aqueles que recebem a influência dos
espíritos, sejam de luz ou não, diretamente no seu corpo, na região
do plexo solar. Chamam-se médiuns doutrinadores os que recebem essa
influência na região da cabeça. No primeiro caso, o médium perde
parte da sua consciência, e, no segundo, ao contrário, ele se torna
mais alerta.
Objetivamente: sempre
que um médium, ao manifestar, cerceia ou tem cerceado algum dos
sentidos biopsicológicos normais, ele é de incorporação; quando
se manifesta, sem prejuízo de nenhum desses sentidos, ele é de
doutrina.
O MÉDIUM
DOUTRINADOR
É
o médium cujo ectoplasma se acumula na parte superior do corpo, do
peito para cima, predominando na cabeça. Quando ele se mediuniza,
isto é, estabelece sintonia entre seu sistema psicológico e seus
chakras, seus sentidos se ativam acima do normal. Como conseqüência
imediata, sua percepção fica mais apurada, mais alerta. Com a
tônica circulatória predominando na cabeça, os órgãos inferiores
diminuem a atividade, principalmente na área do sistema
neurovegetativo.
A partir daí, ele
começa a emitir uma onda fluídica com a parte superior do corpo,
principalmente pela boca e pelas narinas.
Essa onda estabelece um
canal fluídico entre os plexos superiores e os chakras
correspondentes. Seu sistema psicológico passa a receber as
influências dos chakras que, por sua vez, são ativados pelo plano
vibratório do mundo espiritual. O Doutrinador se torna, então,
receptivo aos espíritos de sua sintonia.
Essas
emanações são filtradas pelo sistema cerebral, e o Doutrinador
emite
sua doutrina, isto é, fala, pensa, escreve, cura, consola e executa
sua tarefa mediúnica.
Esse
é o sentido amplo da doutrina.
Ela não é, apenas, um conjunto de palavras bem articuladas e com
boa construção literária. Também, não é simples pensamento bem
elaborado, representando idéias precisas. É, essencialmente,
emissão de energia positiva, que tanto pode se manifestar por
palavras como pela aplicação das mãos, pelo olhar e até pelo
simples pensamento dirigido.
Essa realidade do
Doutrinador tem algumas implicações que não podem passar
desapercebidas: 1º) O fenômeno existe e funciona, mesmo que o
Doutrinador nato não saiba disso; 2º) a emissão fluídica tanto
pode ser positiva como negativa, na dependência do campo de sintonia
do Doutrinador. Nos estados de ira, de cólera, de angústia, de medo
ou de ansiedade, a polarização das forças é, essencialmente, dos
plexos nervosos. Nesse caso, os chakras se fecham, e a pessoa entra
em curto-circuito, que pode produzir resultados funestos. O sangue
que aflui ao cérebro se carrega de partículas tóxicas e produz
descargas em todo o organismo. O médium Doutrinador não
desenvolvido é um candidato natural à apoplexia, aos enfartes e
derrames.
Pelas razões expostas
acima, o Doutrinador é o médium por excelência, o intermediário
entre os planos e o responsável pelo fenômeno mediúnico. Sem a
presença de seu ectoplasma, é difícil a realização do processo,
no qual ele atua como catalisador.
A manifestação de sua
mediunidade é feita través da sua psique normal e esse fato inspira
confiança, em virtude da plena responsabilidade em quaisquer
circunstâncias. O Doutrinador não sente arrepios, perdas de
consciência, nem tem descontroles emocionais, comuns em outros
médiuns.
O desconhecimento desse
tipo de mediunidade leva a considerar o Doutrinador como um ser
humano que não tivesse mediunidade, atitude essa que tem tirado a
oportunidade de realização a muitos.
Por outro lado, a
tentativa de desenvolvimento da mediunidade de um Doutrinador nato
pelos plexos inferiores, leva a complicações de conseqüências
imprevisíveis.
A memória
transcendental estabelece, para o ser humano, o momento para cada
etapa fundamental de sua trajetória. O exercício da mediunidade tem
um tempo certo para começar. Quando essa cronologia não é
observada a Natureza põe em funcionamento os sinais de alarme. Estes
aumentam de intensidade na proporção em que não são atendidos.
Nesse ponto, torna-se
necessário lembrar ao leitor que o exercício da mediunidade não é
feito apenas no Espiritismo. Se assim fosse, o mundo seria habitado
somente por desequilibrados. Mas, por outro lado, apenas a vida
comum, o mundo da personalidade transitória, não satisfaz às
demandas mediúnicas. Isso explica, em parte, a busca eterna da
realização religiosa, política ou idealista. O ser humano sempre
precisa de algo além da sua simples sobrevivência. O Mediunismo se
apresenta, atualmente, como a solução mais objetiva.
O Doutrinador
potencial, quando se apresenta ao grupo mediúnico, demonstra, em
geral, ter a vida desequilibrada e ser dominado pela angústia, pela
descrença, agressividade ou passividade excessiva.
Fisicamente, queixa-se
de dores de cabeça, distúrbios digestivos e incômodos cardíacos.
De modo geral, esses incômodos cardíacos já foram objeto de
cuidados médicos e desanimaram o clínico pela falta de causas
definidas.
Submete-se, então, o
paciente a um trabalho mediúnico, em que haja absorção do
ectoplasma excedente no organismo. A melhora quase instantânea é a
melhor prova de que estamos na presença de um Doutrinador.
Depois dessa
experiência, se ele aceitar a idéia de trabalhar espiritualmente,
deve ser submetido ao exercício de sua mediunidade, a começar pelos
processos físicos. Durante um período mínimo de três meses, ele
deve trabalhar uma ou duas vezes por semana, doutrinando espíritos
incorporados, ministrando passes magnéticos e conversando com
pacientes que procuram o tratamento espiritual.
Por tendência
natural, o Doutrinador tem interesse na cultura intelectual. Tenha
escolaridade ou não, ele sempre absorve o aspecto intelectivo do
meio em que vive.
Sua apresentação,
pois, é cheia de justificativas, explicações e demonstrações de
conhecimentos. No seu arrazoado, predomina a análise com tendências
ao cerebralismo. Nisso ele revela certo bloqueio à recepção
espiritual. O racionalismo excessivo impede o contato com o
transcendente.
A alimentação do
intelecto, nesse caso, é somente horizontal, isto é, nutrida,
apenas, pelas idéias elaboradas por outros, remodeladas num
transformismo contínuo, que nada cria. É uma psique saturada.
Paralelamente à
desassimilação ectoplasmática, o médium deve ser submetido a uma
confortável desassimilação intelectual. Durante algum tempo, ele
deve se abster de leituras, experiências e pesquisas mais sérias;
isso irá aguçar sua curiosidade, mas descansará sua mente. Esta,
sem o bombardeio das informações formais, começará a sintonizar
as antenas com o mundo chákrico e, mais além, com o mundo
espiritual.
Nesse período, ele
deve receber, apenas, as informações essenciais à técnica da
mediunização, um sutil fenômeno da Natureza, mas de fácil
alcance. Na vida comum, ele pode ser verificado nos momentos
dramáticos, quando os acontecimentos superam o senso comum e o ser
humano apela, automaticamente, para o transcendente.
O
Mediunismo provê a mediunização por meio de chaves,
mantras
e
o ritual em geral. Em última análise, é um problema de
disponibilidade de ectoplasma e de focalização da consciência.
Sem dúvida, o sucesso
de um Doutrinador depende de sua capacidade de mediunizar-se. Pela
sua própria natureza, ele é um impaciente, e tudo que lhe acontece
em torno o incomoda. Tem tendência para dar ordens e organizar as
coisas. Gosta de falar, mas não de ouvir, provocando, com isso,
reações desfavoráveis à sua atividade.
No estado normal, sob
o domínio da personalidade, ele manifesta seu temperamento, sua
cultura e seus preconceitos, nem sempre agradando.
Ao mediunizar-se,
porém, ele entra em sintonia com seu espírito, portador da
experiência milenar, e com o plano em que se acha. Seus Guias
encontram acesso à sua psique e, através dela, trazem suas
vibrações benéficas ao ambiente, no verdadeiro exercício da
mediunidade.
Como vimos até aqui,
a mediunidade de doutrina revela as maiores possibilidades do ser
humano, podendo, sem medo, se atribuir a ela as grandes conquistas da
Humanidade.
Se pensarmos em termos
da iluminação intelectual, mediante o processo mediúnico,
chegaremos à conclusão de que a revelação mística não é
antagônica ao processo científico, e tem sido a base da evolução
humana. Com essa reflexão simples, colocaremos as religiões no
lugar que lhes compete e partiremos mais tranqüilos ao encontro do
nosso futuro.
Qualquer ser humano,
por modesto que seja em seu mecanismo intelectual, pode ser o
portador da experiência transcendente. Basta, para isso, que se
disponha a servir o seu próximo nas normas evangélicas e conheça
as técnicas do Mediunismo.
O MÉDIUM DE
INCORPORAÇÃO
É o médium cuja
tônica ectoplasmática é maior no plexo solar, na região
umbilical. Esse plexo nervoso é a maior concentração de nervos do
corpo humano, um intrincado cruzamento nervoso, com ligações por
todo o organismo. Pertence ao sistema autônomo, também chamado
neurovegetativo, ou seja, que faz funcionar os órgãos sem a
vontade, sem que se tenha consciência disso. Assim funciona a
maioria dos órgãos internos e, parcialmente, outros órgãos.
O ectoplasma, ativando
o plexo solar acima da tônica normal, produz toda uma série de
fenômenos, que resultam na chamada incorporação. Tais fenômenos
são opostos aos da mediunidade de doutrina.
O sangue afluindo com
maior pressão nessa região, empobrece a irrigação cerebral e, com
isso, amortece os principais sentidos. A força do plexo solar é
transmitida aos plexos vizinhos, proporcionando um espectro amplo de
ligação com os chakras.
A emissão fluídica
resultante reflete o processo nervoso da região, relativamente
alheia ao processo psicológico. Nela entra muito menos a vontade do
médium do que na emissão do Doutrinador.
Isso esclarece a
questão da incorporação. Tanto no Doutrinador como no
Incorporador, o fenômeno básico é o mesmo, ou seja, a presença da
energia ectoplasmática e a ligação com os chakras. A diferença
existe, apenas, na exteriorização, na manifestação do fenômeno.
Se o médium recebe a
influência na cabeça, ele age pelo processo psicológico; se essa
influência se faz no meio do corpo, ele age pelo processo
fisiológico.
A partir desse
fenômeno, podemos classificar as mediunidades com o relativo
isolamento de cada uma. Mas, não podemos esquecer que o que acontece
numa parte do corpo reflete, automaticamente, em todo o corpo. Se
acendermos uma lâmpada num aposento de uma casa, é muito difícil
que os outros compartimentos permaneçam completamente escuros.
Por estar mais próxima
das funções básicas do corpo físico, a mediunidade de
incorporação é de assimilação mais imediata, sendo por isso do
domínio de maior número de pessoas.
Por outro lado, ela
abrange uma faixa ampla de manifestações, que vão desde a simples
incorporação de espíritos sofredores até às mais complexas
formas de comunicação espiritual. Talvez, pelo teor emocional, a
incorporação é mais freqüente no médium feminino. Já o médium
Doutrinador se inclina para o racionalismo, sendo esse o provável
motivo de se encontrar maior número de Doutrinadores entre os
homens.
A incorporação tem
um sentido mais horizontal que a doutrina, pois esta se expande em
sentido espacial.
Por essa razão, o
desenvolvimento do médium de incorporação obedece a um esquema
diferente do Doutrinador.
Quando chega ao
Mediunismo, o Incorporador nato apresenta incômodos na parte
inferior do corpo, principalmente no aparelho digestivo, rins, bexiga
e outros órgãos energizados pelo plexo solar e circunvizinhos.
É muito comum,
também, apresentarem incômodos na coluna.
Como conseqüência
direta desses males, ele sofre cronicamente de dores de cabeça,
tonturas e sintomas semelhantes.
Psicologicamente os
sintomas são de fobias, alucinações, insegurança, irritabilidade,
emotividade exagerada e até histeria.
A primeira medida, no
seu desenvolvimento, é fazê-lo sintonizar com o seu Mentor (Veja 2º
item do capítulo II). Ele é a garantia do equilíbrio do médium.
Convida-se o candidato
a se concentrar, de olhos fechados, de pé, e a respirar
profundamente. Mediante a aplicação das mãos, da cabeça para
baixo, sem o tocar, o Doutrinador magnetiza o aparelho. Esse trabalho
deve ser acompanhado de leve hipnose, através de palavras repetidas.
Pede-se ao médium que imagine seu Mentor, e vai-se sugerindo sua
presença, mediante chaves próprias.
Na maioria dos casos,
o médium incorpora na segunda ou na terceira tentativa. Se ele
apresentar sintomas de angústia, deverá ser submetido a uma
enfermagem, na mesa mediúnica, e voltar ao processo.
Assim que o médium
se habituar a incorporar o seu Mentor, sempre que for solicitado, e
na presença de um Doutrinador, ele deve ser encaminhado à mesa e
ali incorporar sofredores, assistido pelos Doutrinadores.
FUNÇÕES MEDIÚNICAS
Conforme seu tipo
básico de manifestação mediúnica – incorporação ou doutrina –
cada médium inclina-se a uma função, de acordo com suas
possibilidades, personalidade, cultura e dedicação ao trabalho.
Há coisas que só
podem ser feitas por um Doutrinador e outras mais adequadas ao
Incorporador. Outras, ainda, podem ser feitas por ambos.
Um aspecto importante
do trabalho mediúnico é ser ele essencialmente coletivo. No mínimo,
ele deve ser executado por dois médiuns – um de doutrina e outro
de incorporação. Principalmente, a incorporação nunca deve ser
feita sem a presença de um Doutrinador, devido à perda parcial de
consciência do Incorporador.
O Doutrinador jamais
incorpora e nunca perde a consciência no trabalho mediúnico.
Inclina-se, com isso, aos trabalhos em que é necessário tomar
decisões, interpretar situações e manipular as forças mentais.
São funções
próprias do Doutrinador:
- Aprender, interpretar e conceituar a Doutrina praticada pelo seu grupo mediúnico, bem como a missão a ele confiada;
- Organizar, administrar e desenvolver os médiuns;
- Abrir e fechar os trabalhos;
- Assistir e controlar todo e qualquer trabalho de incorporação;
- Interpretar as situações dos médiuns quando incorporados. Se for o Mentor ou o Guia, atendê-lo respeitosamente; se for sofredor, doutriná-lo e fazer sua entrega aos planos espirituais;
- Ministrar passes magnéticos de equilíbrio aos médiuns de incorporação, sempre que estes terminam uma incorporação; estes passes podem ser ministrados a qualquer pessoa, e mesmo a outro Doutrinador, quando revelar desequilíbrio;
- Controlar, com sua mente, qualquer situação anormal de pessoas ou grupos, mantendo sempre seu equilíbrio pessoal. O Doutrinador, que conhece o seu potencial mediúnico, pode controlar um ambiente sem externar qualquer gesto.
O Doutrinador deve
evitar o desenvolvimento de outras mediunidades embora as tenha em
potencial. Em casos específicos, que justifiquem outros
desenvolvimentos, ele deve ater-se, apenas, a mediunidades dos plexos
e dos chakras superiores, como psicografia (automática e
semi-automática), vidência (com todas as restrições que essa
mediunidade suscita), olfação e audição. Mas, sempre que um
Doutrinador desenvolver alguma dessas mediunidades, ele deve ser
mantido sob observação dos companheiros, pois essas funções podem
prejudicar a acuidade do seu julgamento e sua objetividade.
No sentido oposto, o
médium de Incorporação nunca trabalha sem incorporar, isto é, sem
a perda parcial de sua consciência. Nestas condições, ele tem duas
funções básicas: a incorporação de espíritos de Luz, Mentores
ou Guias, e a incorporação de espíritos que ainda não alcançaram
os planos espirituais, ou seja, sofredores.
O Mentor incorpora para
o equilíbrio o médium, mantendo seu aparelho nas melhores condições
possíveis. Os Guias incorporam para o exercício de funções
específicas. Um Guia incorpora quando o médium é chamado a fazer
uma cura de doença física; outro vem para uma comunicação, outro
para um trabalho de passes, etc. Às vezes, eles se alternam nas
funções e, em outras, o próprio Mentor atua como Guia.
Com essa visão,
poderemos classificar as funções do Incorporador:
- Passagem de sofredores
- Cura de doenças
- Comunicações
- Passes
- Desobsessão
- Psicografia automática
- Materialização
Há, ainda, duas
funções específicas que devem ser confiadas, apenas, aos médiuns
de incorporação: o transporte e o desdobramento, este último
podendo ser desenvolvido com fonia.
EVANGELIZAÇÃO
O Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo é o mais completo manual da Vida. Nele, qualquer
espírito em trânsito na Terra, poderá encontrar todas as condições
para o melhor aproveitamento de sua estada no planeta.
Mas,
é preciso que se distinga, com muita clareza, o Evangelho
escrito,
isto é, os livros que contêm a Doutrina de Jesus, escritos por
outros, transcritos, copiados, interpretados, escoimados,
escamoteados e traduzidos e o
Evangelho Vivo,
isto é, a orientação Crística, que é ministrada a todos os seres
humanos na Terra, e que não depende exclusivamente da transmissão
pelos sentidos, seja ela falada ou escrita.
O Evangelho Vivo é uma
Luz potencial, que reside, faz parte intrínseca do organismo de
todos os espíritos que habitam o Sistema Solar e, talvez, de outros
sistemas.
Na
conceituação iniciática, os seres humanos, isto é, os espíritos
encarnados na Terra, possuem essa Luz sob a forma de uma
partícula atômica – o Átomo
Crístico.
O Mestre Jesus teve e tem em si toda a força Crística. É, pois, a
emanação de Jesus que desperta, no ser humano, a Partícula
Crística.
Esta se expande e
impregna o ser da sua intimidade para fora, traduzindo-se em
conceitos, atos, atitudes e maneira de viver.
Para cada quadrante do
Universo, o estímulo de Jesus age de forma dinâmica e adequada e,
absolutamente, não depende dos textos escritos. Por miríades de
formas, em todas as línguas e em todos os gestos, a Mensagem de
Jesus fala diretamente ao íntimo dos seres humanos. Sua linguagem
está escrita na vida de cada dia, nos seres humanos que cercam
outros seres humanos, no viver de cada momento. Talvez, seja até
mais fácil encontrar uma pessoa que viva, com intensidade, os
ensinamentos de Jesus entre os que nunca tiveram oportunidade de ler
um texto do Evangelho, do que entre os eruditos.
Embora esse fato não
invalide todas as pregações, doutrinas e religiões, é preciso
lembrar que todas se transmitem pelos sentidos, se destinam à
personalidade, à parte transitória do ser humano. Mas, a
personalidade é, apenas, o instrumento através do qual o espírito
realiza um curso, uma experiência. Os ensinamentos de Jesus não se
destinam somente a ela, mas ao espírito que habita nela.
É importante que se
vejam as duas coisas separadamente, para que se possa entender o
fenômeno. O melhor campo para se percebê-lo é o mediúnico.
Toda vez que praticamos
alguma ação fora da rotina de nossa vida, um gesto de generosidade
ou uma atitude caridosa, automaticamente nos lembramos de Deus, de
religião, da bondade, da moral, etc.
Da mesma forma, cada
vez que fazemos um gesto negativo, entramos em debate íntimo, no
qual entram as justificativas, o medo, a angústia, etc. Sempre,
porém, nossa elaboração mental fica ligada a um aspecto mais
transcendente da vida; sintonizamos com nosso espírito.
O próprio fato de nos
interessarmos e procurarmos exercer alguma função mediúnica já
nos liga a esse mundo transcendental. Nesse processo, nos ligamos a
alguma coisa, fora do circuito de nossas experiências, do nosso
quadro quotidiano, e percebemos, com mais clareza, a imagem de nossa
personalidade contrastando com a imagem de nosso espírito.
A partir do momento em
que começamos nossa mediunização, a Partícula Crística encontra
acesso em nossa mente, e seus raios começam a impregnar os nossos
atos. Assim, apreendemos, por um processo natural, o Evangelho. A
partir daí, sobem à nossa consciência os fragmentos do aprendizado
que tenhamos tido em termos de religião, cultura religiosa,
crendices, superstições, rituais, etc., seguidos da inspiração
espiritual profunda.
É por isso que, em
condições anormais de acontecimentos, nós soltamos,
involuntariamente, exclamações como “Deus do Céu!”, “Mãe do
Céu”, “Virgem!”, ou, então, tomamos uma aparência reverente,
solene.
E, por estarmos no
limiar do Terceiro Milênio, não falta, qualquer que seja nossa
ambientação, a manifestação evangélica, a Palavra do Mestre
Jesus, em forma verbal ou escrita, para formalizar nosso aprendizado.
Concluímos, pois, que
a evangelização no Mediunismo se faz, objetivamente, adequada a
cada grau evolutivo e estado em que o ser humano se apresenta para o
exercício de sua missão, de sua tarefa no planeta.
A ACULTURAÇÃO DO
MÉDIUM
A palavra cultura tem
dois sentidos – um geral e outro particular. De modo geral, cultura
é o aprendizado que uma pessoa faz no seu meio ambiente, sua maneira
de viver. De modo particular, a cultura é o aprendizado de um
conjunto de idéias específicas, como, por exemplo, a cultura
física, a cultura filosófica, etc. Nesse sentido existe, portanto,
uma cultura espírita, ou seja, o conjunto de idéias, normas,
técnicas e práticas, que regem o Espiritismo.
Essa cultura,
entretanto, é complexa e variável conforme a época, o lugar e o
grupo. O que há de mais aproximado para uma cultura espírita é a
obra de Allan Kardec e seus divulgadores. A Codificação Kardecista
é ampla e preenche, perfeitamente, a mais exigente necessidade de
aculturação espírita.
Mas, a própria
evolução do Espiritismo e a tendência natural para o sectarismo
nos leva ao conceito do Mediunismo, totalmente abrangente, pois se
refere a coisas básicas do ser humano, portanto, livre de qualquer
injunção. O médium, no sentido popular, é uma figura humana de
dons excepcionais. O médium, no conceito do Mediunismo, é um ser
humano comum, ou seja, todos os seres humanos são médiuns.
Para uma aculturação
kardecista é necessário, de modo geral, haver um mínimo de
escolaridade, pelo menos saber ler. É muito difícil conceber-se um
grupo mediúnico kardecista sem a leitura. Já na Umbanda, a
transmissão doutrinária é, predominantemente, oral, formando, com
isso, uma cultura mais particularizada. Ambas, naturalmente, são
reflexos de grupos sociais e obedecem às leis sociológicas. Como
grupos eles têm, logicamente, certo exclusivismo que, em termos
doutrinários, significa sectarismo.
No conceito amplo do
Mediunismo, podemos citar, ainda, os grupos mais fechados, embora
tais grupos não aceitem a mediunidade como aconselhável. O problema
aí entre em termos de cultura intelectual, o que o torna mais
exclusivo, etc. Falemos, portanto, em termos de “aculturação
mediúnica”, que irá tornar o problema bem mais simples.
Mediunidade sendo algo
natural, inerente ao ser humano, tem, logicamente, meios naturais de
aprendizado. Decorre daí, que a aculturação mediúnica é apenas
aculturação geral, quer dizer, as coisas do Mediunismo fazem parte
do quotidiano, como comer, vestir, estudar, etc., coisas que tanto
podem ser feitas por pessoas cultas como incultas.
Cabe aqui um
parêntesis: a experiência da Humanidade, em termos de aculturações
específicas em massa, tem sido sempre desastrosa. Basta, para isso,
que se olhe o calendário das guerras e das lutas sociais para se ter
uma idéia.
A oportunidade só
existe para todos se a cada um for dado o pode absorver e não uma
cultura padrão, geralmente mal assimilada.
Duas coisas são
fundamentais no desenvolvimento do médium: a técnica da
mediunização e o conhecimento sensato da vida fora da matéria.
AS CORRENTES
Corrente mediúnica é
o conjunto de espíritos empenhados numa tarefa específica, uma
missão comum que os identifica.
Parte
desses espíritos estão situados nas esferas superiores e outros
estão encarnados. Como conjuntos, eles se reúnem em falanges,
quer dizer, se afinam em grupos de sete espíritos, formando
hierarquias, cujo número é sempre um múltiplo de sete.
Cada corrente é
conhecida, na Terra, pelo tipo de trabalho que executa através dos
médiuns a ela filiados. Para que haja a filiação, é necessário
que o médium se afine, isto é, que a sua sintonia se ajuste ao
padrão vibratório do grupo.
A atração do médium,
para um tipo de corrente determinada, se faz por laços cujas raízes
são anteriores à presente encarnação. Quando esses laços não
existem, o médium dificilmente se ajusta ao trabalho.
Não é, pois, o exame
objetivo, segundo critérios humanos, que determina a junção. Todos
os grupos são bons para aqueles que se afinam com eles. Não há
grupos melhores ou piores, mas apenas grupos. A crítica aos
conjuntos, sejam doutrinários ou religiosos, ou a idéia de que um
tem a verdade e outro não, absolutamente não procede, em termos do
transcendente. A verdade está no ser humano, no íntimo do seu
espírito, que é inexprimível por um conjunto dogmático ou mesmo
doutrinário.
Talvez, se falarmos da
verdade em termos de realidade, possamos dizer que um grupo
doutrinário, ou melhor, uma doutrina, corresponde, em determinado
momento, a realidades do conjunto humano e melhor se adaptem às
necessidades do momento.
É assim que as
correntes fazem sentido. Exemplifiquemos:
Em dado momento de
nossa época, certos espíritos dos planos superiores preocuparam-se
com os rumos tomados nos processos de cura, na Terra, em termos de
Mediunismo. As superstições medravam mais do que as ervas usadas
nas curas, afastando, cada vez mais, a medicina científica das
possibilidades mediúnicas.
Com essa preocupação,
eles foram ao Cristo e pediram permissão para consertar essa
situação na Terra. Essa falange era composta de espíritos cuja
maioria já havia sido encarnada na Europa, principalmente na
Alemanha, onde haviam exercido a Medicina. Recebida a autorização,
eles começaram a incorporar em médiuns de efeitos físicos e fazer
curas, predominando no Brasil. A partir daí, começaram a aparecer
curadores tipo Zé Arigó e outros. Formou-se, então, uma corrente,
cuja evolução vem sendo notável. Do sensacionalismo das curas,
feito talvez com a idéia de despertar atenção, a mediunidade de
cura está ingressando num quadro mais harmônico de entrosamento com
a Medicina da Terra. Isso explica, também, o porquê dos espíritos
curadores se apresentarem como “Doutor Fritz”, um diminutivo de
Francisco, em alemão. Simples problema didático, visando
capitalizar o prestígio dos médicos alemães. Assim, temos
correntes especializadas em todos os ramos da vida na Terra: de
cura, de desobsessão, de vida intelectual, científica, etc.
CAPÍTULO IV
A CURA ESPIRITUAL
ORIGEM DAS DOENÇAS
Doença é um estado de
anormalidade física ou psíquica. A ciência que trata das doenças
é a Patologia. Um dos ramos da Patologia chama-se Etiologia, ou
ciência das causas. A Etiologia considera a origem das doenças nos
agentes biológicos, nas profissões, na insalubridade e em outros
fatores desconhecidos.
Fora da Ciência, na
observação comum, qualquer pessoa pode perceber que os estados
psicológicos também produzem doenças. Por sua vez, as alterações
psicológicas tanto podem ter sua origem num fato expresso
conscientizado, como num fato inconsciente ou subliminar.
O inconsciente é o
mundo desconhecido do ser humano, o vasto repositório dos mistérios
da vida. A ciência médica ou a Psiquiatria não têm condições,
ainda, de explicar esses mistérios. Enquanto isso não acontece,
teremos que aceitar o pragmatismo mediúnico.
Para o Mediunismo,
todas as doenças têm sua origem no plano invisível, na dimensão
envolvente do plano físico. O espírito não tem doenças, mas pode
ser o portador delas. Ao reencarnar, ele traz, na sua memória o
esquema de outras encarnações e se liga, pelos corpos invisíveis,
aos déficits energéticos de sua cota, e procura fazer o
ressarcimento.
Vista por esse prisma,
a doença tem um sentido educativo, faz parte do mecanismo cármico e
é coerente com a posição atual do planeta.
A Neogenética é uma
ciência relativamente nova, que estuda os problemas dos genes. Estes
corpúsculos se situam no íntimo das células, e determinam as
características do indivíduo, suas doenças, enfim, a vida física
de uma pessoa.
Uma das coisas que
intriga os geneticistas é o fato que uma célula, possuidora de um
gene causador de uma determinada lesão ou doença de um organismo,
ficar dormente durante muitos anos, e só entrar em atividade num
tempo certo, como um ator, que só entra no palco no momento de
representar a sua parte!
Isso dá a entender que
o organismo tem uma programação, um esquema no qual cada coisa
acontece na hora determinada. Mas, assim o como o fato genético pode
ser modificado, por razões do próprio organismo ou por
interferências externas, assim são as vidas das pessoas nos outros
planos.
Existe uma gênese do
corpo, uma da alma e uma do espírito.
Mas existe, também, o
livre arbítrio.
Um espírito programa
uma encarnação em função do seu débito para com a Terra. Para
que ele salde esse débito, é preciso que emita energias, se coloque
em posição de produtividade espiritual. É necessário que sua
força se evidencie no plano da Terra e, com isso, outros espíritos,
talvez seus próprios credores, se beneficiem dessas forças. Ele
escolhe, então, uma vida em que a dor anule, até certo ponto, a
tônica da alma e do corpo, para que se evidencie a do espírito.
Ele programa um corpo
e, para ele, certas doenças. Para isso são feitas miríades de
combinações, impossíveis de serem entendidas ou concebidas em
nossa mente humana. Os genes são manipulados a partir dos pais ou,
talvez, dos avós. Não esqueçamos que o tempo do plano espiritual
não é o mesmo que o nosso. Não esqueçamos, também, que os
espíritos programam suas encarnações um função de outros
espíritos, e que famílias inteiras se relacionam por acordo mútuo,
muito antes do encontro.
Chegado o momento
propício, a doença aparece – ou não –, na dependência da
maneira que esse espírito tenha vivido até esse ponto. Mesmo
encarnado, o espírito sabe o que programou. Mas sua alma, sua
psique, apenas pressente. O corpo nada sabe: é apenas o executivo, a
base material. A luta se passa no Eu, no campo consciencional, entre
a alma e o espírito. Uma boa alma pode pagar o débito energético
de um espírito, sem precisar da dor. Mas, isso só pode acontecer no
ser humano adulto, quando a alma tem capacidade de decisão.
Disso podemos tirar
inúmeras conclusões. Por exemplo, a doença de uma criança causa
mais dor aos pais do que a ela mesma. Os adultos têm mais
consciência da dor que as crianças. A morte de uma criança em nada
afeta seu espírito, mas atinge muito o espírito dos pais.
O ser humano, enquanto
não se torna adulto, não tem vida mediúnica, da mesma forma que
não tem autonomia sócio-econômica. Deduz-se, daí, que o aspecto
cármico das doenças, embora tenha nas crianças um instrumento, se
refere mais aos adultos. Só eles têm seu livre arbítrio em
condições de viver uma dor, ou evitar essa dor pelo trabalho
espiritual.
O trabalho mediúnico,
qualquer que seja sua modalidade, no âmbito doutrinário ou não,
pode evitar uma doença, nos adultos ou nas crianças da sua
dependência. Isso tanto pode acontecer antes ou depois de a doença
se manifestar.
Portanto, as doenças
cármicas são as programadas.
Mas, não existem,
apenas, doenças cármicas. Os desatinos, tanto no plano físico como
no psíquico, causam, talvez, mais doenças do que os carmas. Também,
a doença pode ser, apenas, um fato correlato com o carma de uma
pessoa. Há miríades de possibilidades de um ser humano apanhar
doenças apenas como decorrência de outros fatores cármicos, como,
por exemplo, viver numa região insalubre ou trabalhar em condições
que provoquem doenças.
Deve-se, por
conseguinte, distinguir os fatos que são parte integrante da
Natureza, em que o fator cármico é natural, sendo a Terra um
planeta de retificação dos espíritos e os destinos particulares de
cada espírito.
Conclui-se que cada
caso deve ser examinado de per si, não se podendo estabelecer
generalizações em torno das doenças. A mesma terapêutica aplicada
em indivíduos diferentes produz resultados diferentes.
DIAGNOSE MEDIÚNICA
A Medicina, antes de se
tornar uma ciência, era um culto. Antes da ciência de Hipócrates,
existia o culto a Esculápio. Antes da existência de um hospital,
havia o templo. A Patologia tem 2.500 anos, o culto do espírito se
perde nos cálculos de tempo.
Natural, pois, que, no
revisionismo atual, se procure novas luzes para a ciência – ou
arte? – de curar. O Mediunismo é uma dessas luzes.
Entre os enigmas da
Medicina, o maior é, talvez o da diagnose. E o grande problema da
diagnose é a interpretação correta das causas. É difícil, senão
impossível, interpretar-se corretamente uma situação em que não
temos todos os dados do problema.
Vimos, no subtítulo
anterior, que, além das origens conceituadas na Medicina, existem
outras fontes onde se poderá buscar as causas das doenças. Tais
fontes, porém, são inacessíveis ao médico convencional, preso à
ortodoxia científica. Entretanto, são inúmeros os relatos de
médicos que localizaram a causa de distúrbios, em certos pacientes,
de forma completamente alheia aos métodos habituais. Muitas estórias
desse tipo são contadas por médicos de zonas rurais, habitualmente
enfrentando toda sorte de problemas humanos e contando com menos
recursos que os médicos de cidades.
Mesmo com os recursos
da Patologia atual, ainda é o médico que faz o diagnóstico, e isso
depende mais da sua personalidade do que dos aparelhos que o cercam.
Partindo desse ponto, podemos apontar os caminhos em que a
mediunidade pode ajudar o médico.
O primeiro deles é a
semelhança entre o processo mediúnico e um computador, com seu
sistema de memórias.
A diagnose médica
atual joga com dois tipos de incertezas: o estado psicofísico do
diagnosticador e a sintomatologia do diagnosticado.
No primeiro caso, a
experiência pessoal do médico aflora ao seu campo consciencional,
conforme seu estado no momento da diagnose; no segundo, o doente
manifesta os sintomas, conforme seus momentos psico-físicos.
Essa variação não
existe no indivíduo mediunizado, ou melhor, existem apenas duas
variáveis: o indivíduo está sintonizado numa faixa horizontal ou
numa vertical. Ele está bem ou mal assistido, mas distingue, com
facilidade, as duas coisas. Para que esse processo possa ser
entendido, é apenas necessário que se admita as origens dos
estímulos, que são do campo físico, psíquico ou espiritual.
Lembremo-nos,
apenas, que mediunizar-se,
isto é, colocar-se em estado receptivo às emanações vibratórias
de campos de forças diferentes, não é privilégio exclusivo de
alguns. Qualquer ser humano pode fazê-lo, principalmente o médico.
Percebida a causa fundamental do incômodo do paciente, o problema se
resume na interpretação correta dos dados fornecidos.
DISTÚRBIOS
MEDIÚNICOS
O mecanismo de
produção, emissão e absorção ectoplasmática é tão simples e
natural como o do alimento físico. Existe um metabolismo do plano
físico, do psicológico e do espiritual, um influindo sobre o outro.
Em cada ser existe um
estado ideal de equilíbrio dinâmico, a cada momento de sua vida.
Fora desse ótimo é que se apresentam os distúrbios, resultantes da
atividade celular descompassada.
A produção da energia
mediúnica é involuntária, relacionada com a corrente sangüínea e
o sistema neurovegetativo. Se essa energia encontra meios de
aproveitamento, no relacionamento mediúnico favorável à pessoa,
ela é normal e saudável. Se, ao contrário, não existirem meios de
escoamento, o acúmulo de fluido magnético provoca um tipo de
pressão nos plexos nervosos, tornando-os hipersensíveis.
Essa sensibilização
provoca sintomas de anormalidade nos órgãos de influência desses
plexos e, na medida da persistência do fenômeno, se transformam em
distúrbios físicos.
O fenômeno provoca,
também, certa descompensação energética, uma perda constante de
energia vital. Até certo ponto, esse quadro é normal, manifesto em
pequenos incômodos, aos quais não damos importância. Tomamos um
comprimido ou um remédio caseiro, e continuamos cumprindo nossas
obrigações. Chega o dia, porém, em que esses incômodos se tornam
mais agudos, e tratamos de procurar o médico.
Este intervém,
mediante a análise dos sintomas e a visão do quadro geral
apresentado pelo próprio paciente. Em hipótese alguma os fatores
aqui mencionados entram na cogitação do médico ou do paciente.
Naturalmente, na medida
em que os incômodos aumentam, vai se tornando evidente o dano
celular, e o paciente entra nas classificações tradicionais do
equacionamento clínico. O problema começa para o leigo em
Mediunismo, seja ele o médico ou o paciente, quando as intervenções
clínicas, consagradas pela experiência, não produzem o resultado
esperado.
Se tomarmos em conta o
problema que representa, para a sociedade, a atual oferta de serviços
médicos em face da procura, seria de bom alvitre a Medicina volver
os olhos para esse fator.
A manipulação
mediúnica pode resolver, em questão de minutos, certos problemas
médicos que, de outra forma, representariam muito dispêndio e
sofrimento.
O problema é conjugar
as duas visões: a psico-espiritual e a física, e empregar a
terapêutica certa.
Na Psiquiatria, isso se
torna mais fácil. As anormalidades da psique oferecem maior campo de
observação dos fatores mediúnicos. Os distúrbios da mente são
atribuídos a fatores generalizados, dificilmente especificados na
feitura de um diagnóstico. Tanto neste como na terapêutica, o
clínico está envolvido nas dificuldades da definição das causas.
A mediunidade pode
aliviar muito essa situação, pois se a pressão mediúnica tem a
propriedade de alterar as condições orgânicas do ser humano, ela
altera, com muito mais facilidade, as condições psíquicas.
LICANTROPIA E CÂNCER
A licantropia é a
capacidade do espírito desencarnado de moldar seu corpo etérico
conforme as deformações de sua mente. Essa palavra deriva da lenda
universal do lobisomem, o homem que se transforma em lobo.
Traumatizado pelo ódio,
ele vai se deformando e concentrando, a ponto de ficar com o tamanho
aproximado de uma cabeça de mico, onde predominam os olhos grandes,
e com os braços e pernas atrofiados e colados ao corpo.
Na
Corrente Indiana do Espaço, esses espíritos se chamam elítrios.
Na fixação de seu
ódio, ele permanece nos planos invisíveis, aguardando a
oportunidade de vingança, e assim pode ficar até por milênios.
Chegado o momento do reajuste, do acerto de contas com o espírito
que o levou a essa condição, ele vem para o plano físico e começa
a exercer sua ação deletéria. Na maioria das vezes, nasce com o
espírito de quem vai cobrar a dívida. Enquanto o recém nascido vai
se formando como ser humano, ele permanece incubado, dormente. Assim
que as condições físicas da vítima se apresentam favoráveis, ele
começa a absorver as energias vitais.
Cada caso aparece com
características próprias da situação em que a dívida se formou.
Esse mecanismo é obscuro e de difícil penetração. Sua presença é
verificada, no trabalho mediúnico, nos casos de doenças rebeldes e
tratamentos médicos, principalmente as consideradas incuráveis.
A doença causada pelos
elítrios pode estar situada em qualquer parte do corpo. Também,
pode ser verificada a presença de mais de um elítrio no mesmo
paciente.
A forma sutil de sua
atuação faz com que, a princípio, os sintomas sejam
imperceptíveis. O elítrio vai firmando seus tentáculos e, quando
chega o momento, começa a sucção. A partir daí, os sintomas são
alarmantes, e o paciente é levado ao médico, já sem recursos.
A aderência de um
elítrio tanto pode ser em termos musculares como em centros nervosos
e medulares. Sua ação, entretanto, se faz sentir em todo o
organismo, pois absorve as energias sutis do paciente.
O câncer, em algumas
das modalidade que se apresenta, tem essa característica. Muitas
doenças, consideradas curáveis pela Medicina, não são resolvidas
quando o paciente tem elítrios. Só o Mediunismo pode detectá-los e
atingi-los. Falaremos disso no título dedicado à cura espiritual.
CURA MÉDICA E CURA
ESPIRITUAL
A Organização Mundial
de Saúde considera doente o cidadão que apresenta desequilíbrio
num dos três aspectos: físico, mental ou social.
O Mediunismo considera,
além desses três, o fator transcendental. Para ele, o paciente é
um ser reencarnado, isto é, que já existia antes do nascimento,
continuará existindo depois da morte e mantém contínua relação
com as outras dimensões.
Portanto, a ausência
da saúde pode ter sua origem no corpo, na mente, nas condições
sociais e nos fatores transcendentais.
A missão do Mediunismo
é cuidar, apenas, do fator transcendente, embora os problemas
resultantes se manifestem nos planos físico, mental ou social, isto
é, distúrbios de ordem física, mental ou social podem ter sua
origem no plano espiritual.
A Medicina está
perfeitamente aparelhada para sua missão de curar, e compete ao
Mediunismo, apenas, fazer a enfermagem espiritual. O trabalho
mediúnico deve encaminhar aos médicos os pacientes livres dos
elítrios e das pressões ectoplasmáticas.
Mas, para que os dois
processos funcionem em sintonia, se torna necessário a admissão, no
conceito médico, da existência desses fatores invisíveis da
doença. A ciência médica e a ciência espiritual se completam
perfeitamente.
É preciso que se
saiba, com toda clareza, que a cura de um paciente, qualquer que seja
sua moléstia, está relacionada com o seu destino transcendente.
Tanto a morte prematura como a vida de saúde precária são, às
vezes, condições que o espírito estabeleceu para sua própria
evolução. Casos como esses é que dão motivos de desânimo aos
facultativos, pois são rebeldes às mais severas intervenções. São
os pacientes que não querem ser curados, inconscientemente. Aliás,
a atividade médica, se olhada sem distorções românticas, é a
luta perene contra o suicídio. O ser humano considerado normal,
suicida-se todos os dias um pouco, na insensatez da vida moderna.
Só o Mediunismo tem
condições de erguer uma pessoa da sua miséria íntima e
incutir-lhe a vontade de viver. O despertar dos fatores
transcendentais explica o mundo e mostra ao Homem qual a posição
nele.
MEDIUNIDADE DE
EFEITOS FÍSICOS
Certas pessoas emitem
um ectoplasma que tem a propriedade de intervir na matéria física,
exterior ao seu corpo. Com esse fluido, uma pessoa ou um espírito
pode materializar ou desmaterializar, mudar padrões vibratórios ou
magnéticos, transportar objetos, produzir ruídos, etc.
O fenômeno é muito
amplo e vem sendo estudado, na época moderna, desde o Século XIX, e
é apresentado como base da comunicação com os espíritos. Na
verdade, ele é muito mais amplo, e a prova disso está, justamente,
na cura espiritual, cuja base é a desmaterialização.
A maioria das doenças
consideradas incuráveis é produzida por elítrios. Estes são
espíritos concentrados a tal ponto que interferem na matéria
física. Quando o paciente portador de elítrios é submetido ao
trabalho mediúnico, o elítrio recebe a aplicação do fluido do
médium de efeitos físicos. Esse ectoplasma produz o alargamento dos
espaços intermoleculares do elítrio, fazendo com que ele cresça,
se torne menos sólido, e perca sua concentração.
Mediante sucessivas
aplicações, ele chega a atingir a estatura normal de um ser humano.
Nesse ponto, ele está tão leve e sutil que não tem possibilidade
de aderência, podendo, então, ser encaminhado ao seu plano.
MÉDIUNS CURADORES
Com base no que
verificamos até aqui, a respeito de doenças e doentes, a cura não
se faz, apenas, na desmaterialização dos elítrios ou outros
fatores da doença. Nela entra em jogo a verificação dos
antecedentes espirituais do paciente, o quadro clínico, os
diagnósticos, tratamentos, internamentos, idade, etc.
De acordo com o quadro
obtido no contato com o doente ou com seus acompanhantes, é que irá
se processar a eventual cura. Para cada um desses aspectos, é usada
uma função mediúnica diferente, e se chega à conclusão de que
todas as mediunidades se aplicam à cura.
Se quisermos, porém,
considerar a cura apenas quanto aos sintomas patológicos, o curador
por excelência é o médium de efeitos físicos. É preciso
considerar, entretanto, que o ectoplasma de efeitos físicos não é
exclusivo de um único tipo de médium, ou seja, não existe um
médium cuja função mediúnica seja, unicamente, a de efeitos
físicos. Qualquer médium pode ter esse fluido, embora nem todos os
médiuns o tenham.
Poderíamos, então,
caracterizar o médium curador como aquele que se dedica a essa
missão, especificamente, e seja portador do fluido necessário. O
afastamento dessa realidade leva a superstições e conceitos que
prejudicam mais do que ajudam à Humanidade, tão carente de um
médium sadio.
CIRURGIA INVISÍVEL
A cura mediúnica ou
cura espiritual é feita, exclusivamente, através do corpo sutil do
paciente. Não há, portanto, necessidade alguma de contato físico
entre os médiuns curadores e o doente. Não é o médium que faz a
cura, mas os espíritos que a fazem, por intermédio do médium. Para
maior facilidade, para que haja ambiente, concentração de forças
mediúnicas e auxílios de ordem psicológica, é melhor que o
paciente esteja próximo aos médiuns que irão curá-lo. Mas,
absolutamente, não é necessário que o médium toque no paciente ou
faça qualquer ato de ordem física. Uma cura mediúnica pode se
processar em qualquer distância física entre médiuns e o paciente,
dependendo do tipo de corrente mediúnica que pratica.
O significado profundo
desse fato é que qualquer imitação dos processos da Medicina, na
cura mediúnica, é fraude ou ignorância da realidade. Quando isso
acontece, é porque os espíritos que estão intervindo na moléstia
do paciente são espíritos da Terra e não espíritos do Céu.
Espíritos
da Terra
são de pessoas que morreram, mas ainda não alcançaram os planos
superiores, estando, portanto, presos à faixa cármica e
reencarnatória. Seus critérios são prejudicados pelo simples fato
de que vivem num plano intermediário, numa zona de conceitos
indefinidos.
Espíritos
do Céu
são redimidos do carma, são os chamados espíritos
de Luz,
cuja posição é nítida e definida na Organização Crística, nos
critérios transcendentais.
Há, portanto, duas
formas claras de se encarar o problema de um doente: o da ciência
médica, com base na razão e no bom senso, usando-se a inteligência
humana lastreada nos fatos sensoriais, e o da ciência espiritual,
tomando-se em consideração o fato transcendental, o destino mais
amplo da criatura humana que se quer curar.
No primeiro caso, a
única autoridade é o médico, o profissional da cura, responsável
pela saúde humana. No segundo caso, a autoridade é o Espírito
Superior, que preside os médiuns que, eventualmente, irão intervir
num caso de cura.
Espíritos do plano
invisível da Terra, por melhor que sejam suas qualidades ou suas
intenções, não têm capacidade de julgamento, nem autoridade, para
interferir num destino humano, pelo simples fato de que eles ainda
não definiram seu próprio destino.
Essa posição é o
suficientemente clara, e uma operação só aparece no plano
material, sensorial, com cheiro de éter, assopeais, curativos,
incisões, bisturis, esparadrapos, sangue, tumores em vidros, etc.,
por motivos humanos de uma suposta origem espiritual.
Os
espíritos superiores, absolutamente, não precisam dessa
parafernália para efetuar uma cura, quando é justa no destino
transcendente do paciente. Também, não fazem dispêndio de energias
em atos físicos, para os quais existem seres preparados e treinados
– os médicos. Esses exercem uma profissão das mais nobres e
respeitadas no plano espiritual, tanto que todo médico recebe
proteção espiritual, qualquer
que seja sua posição doutrinária.
A MEDICINA E O
MEDIUNISMO
A principal finalidade
da Medicina é preservar a vida humana na Terra. A principal
finalidade do Mediunismo é preservar o destino de um espírito em
tráfego encarnatório, na Terra. A Medicina se preocupa com o
destino transitório de uma encarnação do corpo físico que um
espírito está usando para o seu programa atual. O Mediunismo se
preocupa com a conservação do corpo físico, em função das
finalidades do espírito que o utiliza.
Ambas as ciências têm
sua razão de ser e suas finalidades bem definidas. Uma trata do
plano psicofísico, e a outra, do plano espiritual. Remédios se usam
para o corpo, e são problemas de Química e Fisiologia. Um espírito
receitar um remédio é o mesmo que um médico querer recartilhar um
carma. Um espírito fazer um diagnóstico clínico, é o mesmo que um
médico querer definir a posição de um espírito. Se o paciente
precisar de um diagnóstico, ele vai ao médico, e o seu Mentor,
junto com o Mentor do médico, inspiram a este o quadro certo. Se o
diagnóstico não for certo, provavelmente será porque o espírito
daquele paciente não quer que ele seja curado. Não se pode
generalizar esse assunto, pela simples razão que cada ser humano
apresenta um problema único e original. Não nos esqueçamos, porém,
de que todos os seres humanos são objeto da misericórdia divina.
AS DOENÇAS DO
FUTURO
No Universo em
expansão, a Terra sofre, periodicamente, transformações
impossíveis de serem previstas e registradas pelo processo
científico.
Tais processos se
manifestam em termos de ciclos, que são imperceptíveis no começo,
e mais sensíveis no fim. Tomando-se por base os ciclos de dois mil
anos, definidos em termos astronômicos, pode-se registrar
modificações biofísicas palpáveis.
Mas, o fenômeno não
se traduz, apenas, em termos geológicos, mas, também, de uma
ecologia ampla. Por exemplo, as viagens espaciais de artefatos, sejam
tripulados ou não, terão que trazer alguma modificação à Terra,
pois apenas parte dos fenômenos envolvidos são previsíveis e
conhecidos. Por outro lado, quantos fenômenos de ordem psicológica,
social ou econômica essas viagens já produziram?
O assunto é,
aparentemente, vago, uma vez que não existe uma autoconsciência
coletiva e seja, talvez, objeto de cuidados secretos dos cientistas.
Por enquanto, o que existe de público, são as profecias, antigas e
novas, do mundo espiritual.
Nessas profecias, são
previstas alterações na intimidade biológica e, dentre elas, novas
doenças que irão se manifestar nos próximos dez ou vinte anos. A
única razão de registro desse fato neste manual é que o princípio
dessas doenças está, justamente, no aumento em termos de
profundidade e extensão do fenômeno elitriano.
Seria, então, de bom
alvitre que a Ciência começasse a volver os olhos para o fenômeno
mediúnico, única forma pela qual poderia registrar os fatos
estranhos à lógica científica. Assim, talvez, possibilitasse a
formação dos técnicos que iriam enfrentar o problema de saúde,
quando sair fora da lógica atual.
CAPÍTULO V
AS OBSESSÕES
O FENÔMENO
Diz-se que uma pessoa é
obsidiada quando tem uma idéia fixa, ama ou odeia descontroladamente
alguém ou algo, e é assediada por essa idéia, pessoa ou coisa.
Isso, na linguagem comum, é uma obsessão, um defeito da
personalidade, uma anormalidade de comportamento. Caracterizadas, no
indivíduo, sob a forma de vícios, hábitos estranhos,
marginalização social, revoltas, etc., são resultantes do conflito
natural da gama vibratória psicofísica, e, até certo ponto, faz
parte da vida normal.
Ao ser registrado no
âmbito do Mediunismo, o fenômeno adquire outra dimensão, primeiro
pela admissão, pelo paciente, da existência de fatos estranhos na
sua vida, e, segundo, porque o diagnóstico abrange os fatores
transcendentais da anormalidade.
O Mediunismo situa,
sempre, o problema em termos de presença de espíritos, e a maior ou
menor influência no fenômeno obsessivo. Porém, considera obsessão
somente quando o indivíduo perde a liberdade, total ou parcial, para
outro espírito.
Entretanto, para se
compreender o fenômeno em toda a sua extensão, é preciso que se
tenha em mente o processo reencarnatório.
O espírito, ao
encarnar, ocupa um corpo submisso às leis físicas. Nesse corpo
atuam todas as leis naturais – do mineral, do vegetal e da química
do carbono. Este, por sua vez, é comandado pela alma, que obedece às
leis psicossociais que regem o meio onde vive.
O espírito é regido
por leis de outra dimensão, de aspecto transcendente. Ao encarnar,
ele subordina-se às leis que regem o organismo que ocupa, e visa,
com isso, obter determinado fim. Esse objetivo é inteiramente
particular, da mesma forma que o organismo ocupado é inteiramente
seu, de sua escolha.
Temos, assim, uma certa
dualidade, o corpo e a psique compromissados com seu ambiente, e o
espírito com suas obrigações transcendentais. A luta entre os dois
– personalidade e espírito – cada qual procurando atender às
demandas de seu ambiente, forma a eterna dualidade que se reproduz em
todos os homens. À personalidade repugna qualquer interferência e,
para isso, dispõe do seu mecanismo de defesa. O espírito, a fim de
atender aos compromissos anteriores, liga-se e permite que outros
espíritos interfiram na vida da pessoa. Para o espírito, o corpo
tem, apenas, uma utilidade transitória: o período necessário para
atingir os fins a que ele se propõe. É apenas um meio, um veículo.
O corpo pode se desagregar, e acabará por desaparecer. O espírito
permanece, neste ou em outros planos.
Essa ligação e a
subordinação a leis mais amplas é que explica o mecanismo da
obsessão. Pelo seu caráter negativo, ela é o reflexo das lutas
entre espíritos, cuja arena é o plano físico. Não é, portanto,
um fenômeno exclusivo dos encarnados, mas é, principalmente, dos
espíritos.
Nessa perspectiva
ampla, a obsessão é um fenômeno próprio da vida neste planeta,
onde o espírito encontra condições de equacionar seus problemas,
criados por ele, em tempos diferentes, em encarnações diversas.
A personalidade, regida
por leis relativamente estáveis, procura a tranqüilidade, a
satisfação de suas necessidades básicas e o melhor aproveitamento
do ambiente. O espírito, regido por leis mais dinâmicas, com outro
conceito de tempo, procura o conflito, o ajuste de contas e a
cobrança ou o pagamento de seus débitos.
A ligação de um
espírito com outro, qualquer que seja a sua natureza, produz
alterações no meio psicofísico, na forma de ação da
personalidade. Quando essas ligações são de caráter negativo,
produzem-se as obsessões.
A interferência pode
ser de ordem intelectual, no plano da mente física, no sistema
nervoso ativo, ou pode ser de ordem física, no sistema vegetativo –
caso das doenças licantrópicas.
Existem, pois, mais
obsessões do que se considera habitualmente como tal, por se notar
esse fenômeno apenas quando se manifesta em termos de convulsões,
manifestações de loucura ou ações criminosas.
OBSESSÃO POR
DESENCARNADO
É a obsessão mais
comum. O espírito encarna, e traz programada uma série de reajustes
com outros espíritos desencarnados. A maioria desses reajustes se
faz na vida quotidiana do indivíduo, nas mil e uma maneiras que a
vida diária proporciona. Os espíritos cobradores se aproximam da
área invisível da pessoa, e provocam situações embaraçosas.
Com isso, provocam a
dor, e esta libera as energias de que eles se acham credores.
Satisfeitos e vingados, eles se afastam. Assim são nossos
aborrecimentos e nossos desastres quotidianos. Sempre tem alguém se
aproveitando de nossas amarguras e se libertando de nosso espírito.
Essa
energia sutil, da qual os espíritos são ávidos, é produzida de
duas maneiras básicas: pela dor ou pelo trabalho espiritual,
considerando trabalho
espiritual
toda atitude humana condizente com os princípios crísticos. A forma
mais lucrativa do trabalho espiritual é a mediúnica.
A obsessão começa a
existir quando as condições de cobrança são desequilibradas. Ou o
espírito cobrado não tem dor o suficiente intensa para satisfazer o
cobrador vingativo, ou não consegue outra forma da produção da
energia necessária para satisfazê-lo.
Nesse caso, o obsessor
toma conta da personalidade, na proporção em que consegue romper
suas resistências, e a pessoa entra em desequilíbrio. Esse fenômeno
pode durar de apenas alguns minutos a uma existência. Até certo
ponto de sua duração, a intervenção é possível, no mecanismo da
Lei do Perdão e do Amor Crístico. Ultrapassado esse ponto, o
indivíduo se torna um esquizofrênico ou um louco total, e acaba por
desencarnar nessas condições. O que se passa depois está fora do
domínio humano.
É importante saber que
o ajuste de uma situação obsessiva não consiste, apenas, em
afastar o obsessor. A intervenção indevida só transfere o problema
para situações futuras, provavelmente piores. É necessário dar,
ao obsidiado, condições de pagamento de suas dívidas e
proporcionar, com isso, a libertação de ambos – obsidiado e
obsessor.
OBSESSÃO POR
FALANGES
Falanges são
agrupamentos de espíritos afins, geralmente em número de sete ou
seus múltiplos. Todos os espíritos pertencem a alguma falange. Como
nos grupos sociais, a constituição de uma falange pode se dar por
um motivo único e transitório, assim como por razões mais
duradouras e transcendentes.
A obsessão por uma
falange se dá quando esses espíritos efetuam uma cobrança de algo
que lhes foi feito coletivamente por um único indivíduo.
Naturalmente, as
energias necessárias para esse tipo de cobrança são muito maiores.
O obsidiado por uma falange, geralmente, é, enquanto dura o
assédio, um anormal psicofísico. Pode acontecer de o obsidiado
produzir, na sua atividade humana normal, mais energias que um
indivíduo comum. Para que se caracterize essa obsessão, é
necessário que o obsidiado tenha poderes energéticos ou sociais
que, de alguma forma, atendam os interesses da falange.
Mesmo assim, o problema
se apresenta semelhante, tanto na obsessão de uma personalidade
atuante na vida social, como de um ser humano comum, sem expressão.
Mas, é necessário não
se deixar enganar pelas aparências. Um pobre alcoólatra, que
perambula pelas estradas, obsidiado por uma falange em busca do
magnético animal pesado, apresenta, muitas vezes, um quadro de
reajustes semelhantes ao de um político ou cientista, bem colocado
na vida social, que atende obsessivamente a espíritos de gabarito.
OBSESSÃO
LICANTRÓPICA
É, tipicamente, a
presença dos elítrios, espíritos condensados no ódio, já
descrito no capítulo das curas espirituais. Geralmente, o elítrio
já vem na bagagem do espírito quando encarna.
Um espírito leva muito
tempo para se tornar um elítrio. Só algo terrível, em termos de
crueldade humana, pode provocar essa situação. O espírito
desencarna sob torturas físicas ou morais, e seu ódio se concentra
numa ou mais pessoas que causaram sua desdita. Uma vez no plano
invisível, sem a alimentação relacional que poderia fazê-lo
esquecer, ele vai deformando seu corpo etérico, num processo inverso
do feto humano.
Todo espírito, ao
desencarnar, leva consigo sua alma e a reveste de um novo corpo, no
plano invisível. No princípio, este corpo é semelhante ao que
deixou no plano físico. Ele tem as mesmas características, os
mesmos hábitos, usa as mesmas roupas, os mesmos óculos, etc. Esse
corpo e esses hábitos vão, a partir do desencarne, se modificando,
de acordo com rumos que o espírito toma, com a síntese mental que
forma da existência que acaba de deixar. Se essa síntese é o ódio
caracterizado num agrupamento de fatos, ele se torna um elítrio.
Atingida essa condição,
ele permanece hibernando, até que chegue o momento de retomar o
caminho. Isso pode durar anos, séculos ou milênios, contados em
termos da Terra.
Assim que o espírito
ofensor atinge o grau de evolução suficiente, às vezes através de
várias encarnações, para ter condições de suportar a cobrança,
ele programa a encarnação em que vai pagar a dívida para com os
elítrios que ajudou a formar.
O espírito,
geralmente, encarna no ventre materno, quando o corpo gerado atinge o
terceiro mês. Nessa altura, ele é colocado nesse corpo e se torna
um ser humano que irá nascer, provavelmente, daí a seis meses.
Junto com esse
espírito, os responsáveis por essa encarnação colocam, também,
os elítrios. A posição desses espíritos, em relação ao
organismo que vai se formando, obedece a razões acima do nosso
conhecimento. De um modo geral, sabemos que, na qualidade de futura
doença, eles se preparam para causar ao paciente dores semelhantes
àquelas que lhes foram causadas no início do drama.
O processo de
descongelamento do elítrio vai se fazendo de acordo com as etapas de
crescimento do ser cobrado. Eles tanto podem causar um mal congênito,
como permanecer dormentes e aparecer, subitamente, em idade avançada.
Cada caso é um caso específico e, dificilmente, aparecem dois casos
iguais.
Qualquer doença pode
ter sua origem num elítrio, porém nem todas são causadas por eles.
A de maior incidência, com essa origem, é o câncer, em algumas de
suas modalidades. Por essa razão é que existem doenças que são
curáveis em uns indivíduos e incuráveis em outros. E, por essa
razão, indivíduos portadores da mesma doença, uns são curados no
Mediunismo, e outros não. A cura mediúnica é possível quando se
trata de obsessão, quer dizer, doença causada por uma dívida
espiritual e o paciente apresente condições que permitam arranjos
na contabilidade sideral.
O indivíduo pode ter
um ou mais elítrios, e certos elítrios podem causar efeitos em mais
de uma pessoa de intimidade, como o caso de marido e mulher, mãe e
filho, etc.
OBSESSÃO EPILÉTICA
A epilepsia tanto pode
ter sua origem num ou mais elítrios, como em outras causas. Ela é
obsessiva quando existe a presença de elítrios junto ao cérebro do
paciente. Nesse caso, os sintomas são mais localizados pelos órgãos,
pois, que entram em convulsão; pode-se, eventualmente, determinar a
região do cérebro que está sendo afetada (pequeno mal).
Há, porém, outras
causas espirituais que produzem a epilepsia. Um espírito, endividado
com muitos outros espíritos, não teria condições de sobrevivência
na Terra se todos lhe cobrassem na obsessão comum. Os Mentores os
conservam em seus mundos invisíveis, e o devedor encarnado recebe a
cobrança indireta.
Estabelece-se, então,
uma ligação vibracional entre esses espíritos e o devedor
encarnado, em parte diluída pela distância. A onde vibratória é
detectada pelo cérebro do paciente. A intensidade de cada onda é
diferente, e atuam nas células cerebrais. produzindo a convulsão e
outros sintomas típicos da epilepsia.
Nessa relação
complexa e variável, cada paciente apresenta condições diferentes.
Os fatores comuns da epilepsia são as fases típicas, os estágios
da moléstia e a tendência dos ataques em horários mais ou menos
certos. A ionização dos raios solares interfere nas comunicações
interplanos, num processo semelhante ao que afeta as ondas
hertzianas.
Também, nesse caso, o
desenvolvimento mediúnico pode ajudar o paciente a diminuir ou
minimizar as crises, se conjugar esse trabalho com medicação
apropriada. Deve-se considerar que o epiléptico pode ter,
paralelamente, obsessões comuns e outros sintomas de mediunidade
angustiada.
Um epiléptico que
consiga condições mediúnicas de equilíbrio, pode viver plenamente
e se realizar como qualquer pessoa. Os fatores de influência social
estabelecem um ritmo de produção mental constante que reforçam os
mecanismos de defesa. A literatura nos dá notícias de epilépticos
geniais, que muito contribuíram para o progresso humano.
OBSSESSÃO
POSSESSIVA
A obsessão possessiva
– ou possessão – difere da obsessão pela forma como se dá o
fenômeno.
Na obsessão, o
espírito se liga ao indivíduo pela afinidade vibracional, usando os
plexos nervosos como pontos de contato. Na possessão, o ser obsessor
desdobra uma parte de si mesmo e penetra na metade do corpo do
paciente. Devido a essa forma de assédio, a possessão se dá muito
entre os vivos. Uma pessoa ama ou odeia outra, continuadamente,
atribuindo a ela as razões de seu sofrimento ou a culpa dos males
que lhe acontecem. Com isso permanece num estado quase contínuo de
depressão psíquica, estado esse que estabelece condições de
transe mediúnico meio sonambúlico. Seu ectoplasma se destaca do
corpo e, carregado de sentimentos, dores e incômodos, se transforma
quase num ser à parte, uma pequena alma que se movimenta.
Esse meio ser penetra
no objeto de sua desdita e ocupa, por razões obscuras, metade do
corpo do sujeito visado, quase sempre o lado esquerdo. O ectoplasma
assim constituído invade a medula da perna e do braço, e irradia
por todo o corpo.
O primeiro sintoma de
possessão é a sensação de desconforto físico e dores indefinidas
na perna. O corpo se descontrola e as sensações depressivas se
alternam com atitudes de reação. Na medida em que a possessão se
firma, o paciente começa a sentir as mesmas sensações do
possuidor. Sente culpas, arrependimentos, revoltas e passa a detestar
as coisas do seu próprio mundo. Ele assimila o estado psíquico do
possessor.
A intensidade da
possessão varia conforme os estados do possessor e tende a aumentar
à noite, quando ambos dormem. O corpo ectoplasmático entra e sai,
produzindo, no paciente, estados alternados de depressão e de
normalidade.
O maior problema que
apresenta o fenômeno da possessão é a sua verificação. Há certa
dificuldade em se distinguir estados depressivos comuns de outros que
sejam possessivos. O sintoma mais característico é o incômodo
físico em apenas um dos lados do corpo.
Também, não existem
métodos seguros de afastamento da possessão, no âmbito do
Mediunismo. A neutralização de uma possessão exige o emprego de
forças mais sutis da alta magia. Isso eqüivale a dizer que, para se
afastar uma possessão, é necessário uma atitude crística elevada,
um estado de amor, de perdão e de humildade. Talvez, por essa mesma
razão, a possessão é mais comum em pessoas de elevado gabarito
moral e religioso. Qualquer brecha na sua atitude dá oportunidades
aos seus desafetos.
A possessão por
espíritos se dá por processo semelhante, partindo de espíritos
recém desencarnados ou muito saturados de fluído magnético animal.
A melhor solução para
um problema de possessão é conseguir o auxílio de um Guia
Espiritual, incorporado num médium bem desenvolvido.
OBSESSÃO DO PRÓPRIO
ESPÍRITO
Trata-se de uma forma
obsessiva na qual o agente obsessor é o próprio espírito do
paciente.
Dominado por quadros do
passado e influências de outros espíritos, estabelece-se uma
desassociação extremada entre a atual personalidade e o espírito
da pessoa, produzindo angústia constante.
Esse tipo de obsessão
é mais comum em pessoas aculturadas intelectualmente, que se adaptam
a uma linha unilateral de pensamento. Seu espírito se filia a uma
corrente de idéias do plano invisível, e essa tônica dominante
contrasta, quotidianamente, com as idéias que a própria
personalidade entra em contato. A fonte do seu espírito é única,
enquanto as fontes da personalidade variam, formando um contraste
extremado, teimoso.
O espírito desse tipo
de obsidiado tanto pode estar sob o domínio de uma revolta contra a
sociedade, como contra uma pessoa, ou grupo de pessoas, a quem
atribui as causas dos seus males.
Esse quadro, quando
atinge o limiar da esquizofrenia, provoca, no paciente, crises de
violência e convulsões. Ela se revela ao Doutrinador por um detalhe
de suma importância: no decorrer de uma crise, pronunciando-se o
nome do paciente, ela aumenta. Num obsidiado por outro espírito, o
mesmo processe faz com que volte ao normal.
OBSESSÃO RELIGIOSA
É a escravidão
espiritual, em suas várias modalidades de expressão, a prova mais
contundente do antropomorfismo aplicado às coisas do espírito. Deus
feito à imagem e semelhança do Homem. São os conceitos do Bem e do
Mal, do bom e do mau, o positivo e o negativo, particulares da Terra,
com um aval forçado do Deus Universal, o Inconcebível.
Esse tipo de obsessão
se origina, em geral, na educação religiosa divorciada da educação
comum, para as coisas da vida. O fenômeno é tão antigo quanto a
Humanidade, porém mais notável no ciclo atual, e formou uma
poderosa falange de espíritos desencarnados, que habitam uma região
do plano etérico da Terra, conhecida, nos meios iniciáticos, como o
Vale das Sombras.
Para esse poderoso
exército afluem, todos os dias, espíritos de pessoas que
desencarnam sem ter compreendido o Sistema Crístico. Em sua maioria,
são cientistas, intelectuais, líderes religiosos e políticos, que
nunca aceitaram as leis do perdão, do amor e da humildade. Sua
principal argumentação é falar em nome de Deus, porém, não
aceitam, em hipótese alguma, a palavra Cristo.
São eles os mestres da
dialética do conhecimento, e atuam, sutilmente, na mente fechada dos
ditames do próprio espírito do paciente.
A pessoa que cai sob o
domínio desses espíritos é intransigente e inabalável na sua
posição religiosa, qualquer que seja ela, e chega ao fanatismo
extremado. O mesmo fenômeno pode acontecer a uma pessoa nessas
condições, que seja anti-religiosa ou que espose um credo político
ou científico. Qualquer conjunto de idéias pode servir para um
obsidiado desse tipo. Quando ele atinge a esquizofrenia, repete, com
monotonia, as idéias e frases estereotipadas da sua religião ou
credo.
OBSESSÃO ALCOÓLICA
É, tipicamente, a
obsessão que poderia ser chamada de obsessão química.
O ectoplasma natural do
alcoólatra vai se impregnando dos resíduos extremamente voláteis
do álcool e, com isso, estabelece um contato regular com o mundo
invisível que o cerca.
Paralelamente, a
repetida agressão que sofrem as células cerebrais, amortecem suas
reações, e o alcoólatra vai perdendo a consciência do mundo
psicofísico, em termos de normalidade de percepção.
É uma condição
mediúnica constante e angustiada. Os espíritos desencarnados que
vivem, naturalmente, em torno dos seres humanos, encontram, no
ectoplasma do alcoólatra, um alimento fácil e acessível. Na medida
das afinidades que estabelecem com o paciente, vão se apoderando de
sua vontade, e acabam por se tornar obsessores. Como se vê, a
iniciativa é do indivíduo, e não do espírito desencarnado. É uma
obsessão que se origina na educação, nos hábitos sociais e nos
traumas psíquicos.
O mesmo fenômeno se
passa em relação a outras drogas, e sua generalização se dá
devido aos momentos fugazes de prazer que proporcionam. A ativação
dos sentidos além da gama normal, que a embriaguez proporciona, é
semelhante à percepção mediúnica, porém, nada tem de igual.
Nunca se deve confundir a excitação sensorial com a sensibilidade
espiritual.
A DESOBSESSÃO
A desobsessão é o
trabalho fundamental do Mediunismo. Compreendida em seu sentido
amplo, a obsessão é uma condição generalizada em que se acham os
seres humanos no presente ciclo do planeta. A maioria das pessoas
sofre as influências dos espíritos, numa ou outra modalidade
obsessiva.
No sentido comum da
palavra, ela só é reconhecida quando o paciente apresenta sinais
visíveis de anormalidade, tais como convulsões, crises de
agressividade ou prostrações repentinas.
Como resultante,
existem duas terapêuticas aplicáveis: uma de emergência, e outra a
longo prazo. Para que não haja decepções, tanto dos socorristas
como das pessoas que procuram o Mediunismo numa crise, é preciso que
haja certa cautela na verificação do paciente. Se ele já entrou no
quadro clínico da esquizofrenia ou da loucura, tendo recebido
choques químicos ou medicação psicotrópica prolongada e profunda,
nesse caso o Mediunismo já não lhe adianta. Fazer um trabalho
mediúnico para um paciente nessas condições é arriscar os
médiuns, cansá-los inutilmente, e não obter resultados.
A terapêutica
mediúnica é a restauração do equilíbrio da pessoa. Se ela não
apresenta condições básicas de recuperação, se o seu sistema
nervoso já foi danificado, o veículo físico não tem condições
de restauração; nesse caso, o problema já ultrapassou a faixa
puramente mediúnica. Sem dúvida alguma, a misericórdia divina
sempre pode acudir uma pessoa nessas condições. Às vezes, a
medicação adequada, combinada com a intervenção mediúnica,
produz extraordinários fenômenos de recuperação.
A base da desobsessão
é a Doutrina, desde que não se entenda por doutrina a simples
persuasão. Embora se use a palavra em quase todas as fases da
desobsessão, elas só se tornam inteligíveis, tanto para o
obsidiado como para o obsessor, se estiverem em condições de
entender, racionalizar as coisas. Isso significa que ambos evoluíram
a ponto de se libertarem mutuamente. A principal função da
palavra, em Mediunismo, é servir de condutora de fluído, de
ectoplasma.
CAPÍTULO VI
A PRÁTICA DO
MEDIUNISMO
INFRA-ESTRUTURA
CRÍSTICA
“Onde houver duas ou
mais pessoas reunidas em meu nome, eu estarei entre elas em espírito
e verdade” (Mateus,18/20)
Essa promessa do Mestre
Jesus, repetida antes de qualquer trabalho mediúnico, é a melhor
forma de garantir, para ele, a assistência dos espíritos
superiores. Essa frase evangélica pode ser repetida em todos os
quadrantes do globo, em qualquer língua, pois, dificilmente, o seu
sentido pode ser deturpado.
O Mestre Jesus
representa, no atual Ciclo de Peixes, o Cristo atuante, a
manifestação sensível de Deus aos seres humanos. Pouco importa se
a apresentação se faz em termos de Budismo, Induísmo, Catolicismo
ou outras roupagens religiosas. A presença Crística se evidencia
através de fatores que são comuns e inconfundíveis a todo espírito
encarnado na Terra ou, em outras condições, nas suas imediações.
Toda
religião, doutrina, iniciação, ciência oculta, conhecida ou não
da atual Humanidade, esotérica ou exotérica, se caracterizará como
Crística
se a atitude fundamental que sugerir puder se resumir em três
palavras: Amor,
Humildade e
Tolerância.
Para se compreender
amplamente esse fato, deve-se notar que a presença Crística não é
manifesta, apenas, em termos de doutrina verbalizada ou escrita, mas,
sim, na determinação de uma atitude básica de comportamento
global, que envolve todos os aspectos da vivência humana.
O Mestre Jesus foi o
executor de um plano sistemático, que envolveu toda uma etapa
evolutiva da Humanidade, compreendendo um período de dois mil anos.
Esse sistema abrange todos os aspectos concebíveis do ser humano, e
visa dar, essencialmente, a cada espírito, a mais completa
oportunidade evolutiva.
O Ciclo de Peixes é do
carma, e seu símbolo máximo é a estrela de seis pontas, dois
triângulos equiláteros sobrepostos em posição inversa, que
representam a evolução e a involução.
Carma significa o
pagamento de dívidas anteriores, liquidação de débitos. Por isso,
a figura de Jesus aparece como o Redentor, o Salvador, o amigo que
ajuda a pagar nossas dívidas. Com essa premissa, o sistema se
apresenta como algo intermediário entre duas situações.
Esse é o fato básico
do Mediunismo: o ser humano colocado na posição de intermediário
entre as forças superiores e os que o cercam (amor ao próximo),
submetendo-se às determinações do mundo espiritual (humildade
diante de Deus) e aceitando os ditames da sua posição cármica
(tolerância).
Conclui-se
que a base do Mediunismo é a manipulação do fenômeno mediúnico
em
nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A MOTIVAÇÃO
A mais sã motivação,
para que um grupo de pessoas se reuna na prática do Mediunismo, é a
admissão honesta da existência do fenômeno.
A vida humana é o
constante equacionamento de problemas físicos, psicológicos e
espirituais, desde que se evidencie que problemas espirituais não
são, necessariamente, problemas religiosos.
Essa sutil distinção
entre as inquietações do espírito e o fato puramente psicológico
de pertencer ou não a uma religião, deve ser buscada em termos
individuais.
Religião é um modelo
de comportamento, e o fato de um indivíduo não se ajustar a um
padrão determinado, não é problema espiritual, mas, apenas,
social, psicológico. Religiões representam épocas, latitudes e
longitudes, de maior ou menor extensão e profundidade, variando,
portanto, no tempo e no espaço. O ser humano é, basicamente, sempre
o mesmo.
Inquietações
espirituais são os estímulos desconhecidos da personalidade, os
fatos estranhos ao previsível de cada um, os anseios desconhecidos,
os sonhos secretos, as dores inconsoláveis, as sensações de
abandono, coisas essas que só o indivíduo pode saber de si mesmo.
Ao chegar o momento em
que essas coisas se tornam prementes, a ponto de alterarem o
comportamento físico ou psicológico, o indivíduo está pronto para
o Mediunismo.
Sem dúvida, existem
outras motivações para o ingresso num grupo mediúnico ou a procura
para organizar outro. Mas a pessoa só permanece ou o grupo obtém
sucesso quando os motivos são fortes. A pesquisa ou a curiosidade
não são suficientes, pois são puramente psicológicos. Também,
não adiantam as provas ou testes, porque são sempre exteriores ao
indivíduo.
Para que uma pessoa
procure o Mediunismo, ou pense em organizar um grupo mediúnico, é
preciso que ela tenha sentido o fenômeno em si mesma, o admita por
experiência própria, individual. E quem, nesse mundo, já não teve
alguma experiência nesse sentido?
O GRUPO SOCIAL
A mediunidade é uma
manifestação essencialmente individualizada, porém, com
características comuns a todos os seres humanos. Essa exteriorização
comum permite que quaisquer pessoas possam se reunir para formar um
grupo mediúnico, independente da aculturação social ou
intelectual.
Um conjunto mediúnico
ideal é o que se compõe de pessoas com aspirações espirituais
comuns, e não por motivações sociais. A padronização de um corpo
mediúnico se faz em termos de ideais transcendentes, mas não
personalísticos.
Compreensão espiritual
não é o mesmo que compreensão social. Isso porque um espírito
evoluído pode habitar um ser humano, qualquer que seja sua posição
social, e o mesmo pode acontecer com um espírito involuído,
atrasado. Posição social nada tem a ver com posição espiritual.
Embora seja natural a
aglutinação das pessoas de interesses comuns, em termos de
posicionamento social, formando grupos harmônicos culturalmente,
isso pouco benefício traz para o exercício evangélico.
Ao contrário, o
perfeito entendimento psicológico e a concordância de todos em
torno de tudo, reforçam as relações horizontais e provocam uma
constante transformação na forma. Isso não dá lugar à
alimentação vertical, que vem do espírito, não traz criatividade,
nada acontece de original. Como decorrência normal dessa situação,
nascem a exclusão e o sectarismo.
Conclui-se, daí, que a
escolha dos que irão se constituir em grupo mediúnico deve ser
feita em termos de mediunidade e não de personalidade. A figura do
médium deve excluir, completamente, a da pessoa. Pouco importa se a
pessoa é boa ou má, bonita ou feia, pobre ou rica. Importa, isso
sim, se ela manifestar sua mediunidade, e o exercício dessa
qualidade produzir o efeito desejado, se ela cura, alivia e consola,
enquanto está mediunizada.
O comportamento só
deve ser preconizado para o médium como participante do conjunto. O
que ele faz ou deixa de fazer fora do trabalho mediúnico é de sua
alçada, e o grupo nada tem a ver com isso.
Ninguém se torna
melhor ou pior porque se ache que assim deva ser, ninguém modifica
ninguém. Mas, no exercício constante da mediunidade, no contato
regular que o médium tem com seu próprio espírito, ele se modifica
efetivamente, de dentro para fora. Nenhuma pessoa se torna boa médium
porque é boa. Quase sempre, essas pessoas se tornam bons
organizadores, solícitos e serviçais, mas, raramente, bons médiuns.
De modo geral, o
candidato a bom médium é aquele sofrido, maltratado pela vida e que
já experimentou os altos e baixos de sua existência. Esse está em
melhor condição de perceber a autenticidade e de se realizar
através da mediunidade. A heterogeneidade do grupo proporciona muito
mais oportunidades aos participantes de exercer sua tolerância, sua
humildade e seu amor.
IDENTIFICAÇÃO DA
MISSÃO
Todo ser humano está
ligado a dois tipos de família: a família da presente encarnação,
geralmente ligada pelos laços cármicos, feita por acordo mútuo,
antes desta encarnação, e a família espiritual, formada por
espíritos afinados na sua origem remota e transcendente.
Durante a encarnação,
os espíritos ficam submissos às suas personalidades e se ajustam
por elas. A família é uma luta de personalidades na qual as pessoas
se amam ou se odeiam de acordo com os reajustes que elas mesmas
programaram. Quando, porém, o ser humano começa a exercer
conscientemente a sua mediunidade, os estímulos de seu espírito vão
superando os da sua personalidade, e isso ameniza os reajustes,
diminuindo os choques.
Na proporção que isso
acontece, diminuem os atritos e o espirito liberto da luta procura
sintonizar-se com suas tarefas, geralmente fora da família atual.
Assim, vão se encontrando os velhos companheiros de luta que se
aglutinam em torno de seus ideais, de seus hábitos, de suas
especializações transcendentais. Aos poucos, o grupo assim formado,
mesmo que socialmente haja as maiores diferenças, vai identificando
a missão, sabendo, tranqüilamente, o que tem a fazer. Só esse
encontro produz a originalidade na obra realizadora. Quando os
espíritos de um grupo mediúnico não são afinados
transcendentalmente, a missão se torna indefinida e insegura.
Naturalmente, é quase
impossível um grupo ser composto, apenas, por espíritos afinados,
mesmo porque esse fato só é verificado depois de certo tempo de
convivência. Mas, essa preocupação se torna válida quando se
observa, no mesmo grupo, a formação de subgrupos que se afinam
mais. Nesse caso, podem surgir missões diferentes no mesmo programa,
da mesma forma que falanges diferentes de espíritos trabalham na
mesma humanidade. Mas, sempre é conveniente a definição da missão,
em termos de especializações mediúnicas ou vocacionais, que possam
caracterizar aquela falange de médiuns.
POSIÇÃO
SÓCIO-ECONÔMICA
Essa é a fronteira, a
linha demarcatória entre o Mediunismo e as práticas anímicas, as
religiões formais e entre o que é humano e o que é divino. A força
mediúnica só é criativa e benéfica para o progresso do espírito
integrante do Sistema Crístico, sob a égide do Evangelho.
A vida humana, em
termos físicos e psicológicos, funciona em torno de produção e
dispêndio de energias que, em última análise de traduz em sistemas
econômicos. A vida mediúnica não depende de energias físicas ou
psicológicas. Ao contrário, o mecanismo mediúnico equilibrado é
uma fonte de energias. Mesmo a produção do ectoplasma humano, que é
um processo fisiológico, é tão sutil em relação ao mundo físico,
que as energias despendidas quase não afetam o equilíbrio normal do
organismo.
Como atividade,
trabalho/hora, dificilmente existe uma tarefa mediúnica que possa
prejudicar o ganha pão normal de uma pessoa. O ambiente físico e o
pouco necessário para o ritualismo mediúnico raramente são de
monta a afetar a economia. Conclui-se, então, que o exercício da
mediunidade nada custa a ninguém.
Não há, portanto,
razão alguma para que haja qualquer tipo de cobrança em torno da
vida mediúnica. Não há custo, não há dispêndio e, por essas
razões, o Mediunismo não exclui pessoa alguma por motivos de ordem
sócio-econômica. Quanto mais humilde e simples for o grupo,
melhores serão os resultados. Com isso observado, estaremos mais
enquadrados nas palavras de Jesus: “Daí de graça o que de graça
recebestes”.
O PREPARO DOS
MÉDIUNS
Os conhecimentos
básicos do Mediunismo, a disposição para agir nos princípios
crísticos e a necessidade de realização são as condições
necessárias para o trabalho mediúnico. O que for melhor, em termos
de posicionamento sociocultural, deve ocupar a liderança. Mas,
deve-se atentar para dois fatores importantes: o “melhor” é
aquele que se dispõe a servir desinteressadamente e o padrão de
referência tem que ser local, de acordo com o meio onde o trabalho
irá se realizar.
O escolhido deverá
examinar os problemas da comunidade e fazer uma síntese dos mais
constantes e característicos. De acordo com esse exame inicial é
que pode ser orientado o tipo de trabalho a ser realizado.
Depois, começa o
desenvolvimento dos médiuns. Não é preciso procurar aqueles que já
tenham experiência mediúnica. É preferível que os próprios
candidatos revelem suas mediunidades. Se observadas as coisas
fundamentais do mediunismo, as vocações se revelam logo. O
principal cuidado que o responsável deve ter, é com as comunicações
mediúnicas que irão surgir, inevitavelmente. É preciso, sempre,
ser lembrado de que a comunicação nunca é isenta da personalidade
do médium. A direção dos trabalhos deve ser, sempre, de um
Doutrinador, e compete a ele julgar as comunicações, aproveitando
as que correspondam, objetivamente, ao trabalho.
Deixem que os médiuns
se revelem e se desenvolvam com certa liberdade. Procurem, somente,
prestar-lhes assistência, dando uniformidade na forma,
principalmente aos que incorporam. Aprendam a distinguir o
Doutrinador do Incorporador, a fim de que não haja desenvolvimentos
errados.
Depois de certo tempo
de experiência com o grupo, faça pequenas reuniões informais, em
que todos possam ser ouvidos. Quando o grupo se sentir seguro, comece
o atendimento de pacientes.
O AMBIENTE E O
RITUAL
Os fatores mediúnicos
estão, sempre, presentes em todos os ambientes onde haja pessoas
reunidas. Para um trabalho deliberado, qualquer aposento serve, desde
que fique reservado para esse fim, devido à impregnação. Uma mesa
e algumas cadeiras são o suficiente. Com o desenvolvimento e o
aumento natural dos participantes, o aposento dará lugar ao templo,
de acordo com o meio social e o conhecimento iniciático do grupo.
Cada falange de
espíritos tem o seu próprio sistema, por isso deve ser evitada a
imposição de um determinado ritual. Deixem que os Mentores o
determinem. Procurem, apenas, simplificar o problema, evitando
agregar hábitos doutrinários ou religiosos de outros grupos.
Também, não se preocupem se o ritual que irá nascer se parece com
o de outros grupos. Existe um ritual básico do Cristianismo que é
comum a qualquer grupo. Por exemplo, a estrela de seis pontas é um
símbolo iniciático universal do carma. A cruz sempre representou o
ser humano encarnado. A água sempre foi o veículo da cura. O
defumador não pertence a religião alguma, em particular. E assim
por diante, desde os cantos, música ambiente, cores, uniformes, etc.
A LIDERANÇA
Esse é o ponto crítico
do trabalho mediúnico. Ele só irá inspirar confiança se a
liderança for exercida por um Doutrinador, secundado por outros
Doutrinadores.
Entendemos, aqui, por
liderança, toda a orientação do grupo mediúnico nos aspectos
fundamentais, a saber:
- Doutrina ou conjunto doutrinário;
- Finalidade específica do grupo; e
- A filosofia do comportamento.
A doutrina básica do
Mediunismo é a reencarnação. A partir dessa premissa, o líder
seleciona os aspectos que mais se apropriem às finalidades
específicas do grupo, de acordo com a média do padrão cultural
ambiente. Na medida do possível, esse conjunto doutrinário deve ser
do conhecimento de todos os médiuns, principalmente os
Doutrinadores.
A finalidade básica de
um trabalho mediúnico é o reequilíbrio de seres humanos. Os
médiuns que formam o grupo irão se reequilibrar pela mediunidade;
os clientes, pelo atendimento dos médiuns. Reequilibrar significa
ajustar uma pessoa à sua faixa cármica, de acordo com o grau de
evolução alcançado pelo seu espírito.
O líder deve
estabelecer a filosofia a ser seguida pelo grupo, cuja base é
considerar o participante pela sua mediunidade, e o cliente pela sua
necessidade. O respeito ao livre arbítrio é a única atitude
compatível com o Sistema Crístico. Não julgar para não ser
julgado, é a melhor forma de dar oportunidade a todos,
indistintamente.
O cliente – ou
médium em potencial – deverá, sempre, ser atendido, qualquer que
seja sua posição social. Por pior que seja sua moral, depois de
atendido ele não fica devendo nada ao grupo. Ninguém assume
obrigação alguma com o grupo, nem mesmo doutrinária. O grupo,
porém, sempre tem obrigação com as pessoas.
ALIMENTAÇÃO
DOUTRINÁRIA
Esse é o maior
problema com o qual o corpo mediúnico irá se deparar. Quem trará a
Doutrina a ser seguida? Os videntes? Os médiuns de incorporação?
Os psicógrafos?
A vidência é
mediunidade interpretativa. O que o vidente vê, ele é obrigado a
traduzir em imagens e palavras compreensíveis aos de fora de sua
vidência. Não há, portanto, maneira alguma de ser comprovado. O
Incorporador comunica a mensagem impregnada de seu próprio ponto de
vista, a não ser em condições excepcionais de inconsciência. O
psicógrafo escreve mensagens, mas ninguém pode comprovar quem seja
o mensageiro a não ser, também, em condições excepcionais, como é
o caso de Chico Xavier. Quem, então, terá condições de
interpretar uma orientação espiritual com autenticidade?
A resposta é única: o
Doutrinador! Somente esse médium tem condições de interpretação
correta de uma mensagem, pelo simples fato de que seu raciocínio
normal é iluminado pela sua mediunidade. O Doutrinador ouve, lê,
compara e sintetiza com muito maior possibilidade de isenção.
O
fundamento na interpretação de mensagens que o Doutrinador deve ter
é a seguinte: só os espíritos superiores, que já alcançaram o
plano espiritual, que estão fora da faixa cármica e cujo habitat é
fora da Terra, têm condições de alimentar doutrinariamente e dar
socorro a espíritos encarnados. A mensagem desses espíritos é
completamente isenta, pois seu padrão de referência é o destino
transcendental dos que eles assistem, de acordo com o Sistema
Crístico. Esses espíritos jamais interferem no livre arbítrio dos
encarnados. Eles nunca decidem as questões pelas pessoas, mas se
resumem em ajudá-las a decidir por si mesmas. Só esses espíritos
têm a capacidade de trazer energias siderais e produzir modificações
efetivas na trajetória cármica dos encarnados. Só eles têm acesso
aos registros transcendentais, e podem fazer um recartilhamento, sem
fugir às metas cármicas,
individuais ou coletivas.
Fora
dessa premissa, qualquer comunicação, não importa os meios, é de
espíritos que ainda habitam o planeta Terra, nos seus vários
planos e até mesmo na sua superfície física. Esses espíritos, por
melhor que sejam, se baseiam em motivos e opiniões
humanas
e, como tal, interferem no livre
arbítrio,
tomam partido nas situações, sendo, portanto, incapazes da
observância rigorosa das premissas evangélicas.
É fácil, pois, ao
Doutrinador, saber como agir em face das informações que recebe. A
maioria das vezes ele tem que decidir sozinho, embora esteja, na
realidade, sempre assistido pelo seu Mentor, quando está agindo na
qualidade de líder.
É preciso não se
esquecer que a Doutrina, em suas linhas principais, já existe na
mente e no coração dos Homens, e que são precisas poucas mensagens
para dirigir um grupo. O que queremos, realmente, dos espíritos
superiores é a cura, a remoção de nossas angústias, a abertura de
nossas esperanças no dia de amanhã. Essas coisas, porém, não vêm
em forma de mensagens escritas ou faladas, mas, sim, de realidades
verificáveis. Pouco adianta a uma pessoa ouvir bonitas palavras se
com elas não forem removidas as cargas magnéticas e as correntes
negativas que a assediam. O que precisamos, efetivamente, são as
forças do Céu. Compete a nós mobilizar as forças da Terra através
das nossas possibilidades humanas.
Concluindo: um trabalho
mediúnico só é autêntico e está enquadrado no Sistema Crístico
quando é dirigido pelos espíritos superiores e qualquer outra
classe de espírito seja apenas cliente. Que se acautelem, pois,
todos aqueles que queiram cumprir seu dever mediúnico: só os
espíritos superiores podem nos orientar, e só eles sabem não só
dos nossos destinos particulares, como o destino do nosso mundo e dos
mundos que nos cercam.
NO LIMIAR DO
TERCEIRO MILÊNIO
Faltam, apenas, vinte e
cinco anos para o ano 2000! Já se passaram, portanto, mil novecentos
e setenta e quatro anos, desde que Jesus iniciou, com sua vinda ao
planeta, o Sistema Crístico deste ciclo. Daqui mais um quarto de
século, estaremos no Terceiro Milênio, que irá ser, talvez, o
Primeiro Milênio de um outro sistema, a Era de Aquário.
Para as almas e para os
corpos, restam, provavelmente, apenas esses vinte e cinco anos. Para
os espíritos que habitam essas almas e esses corpos, haverá novos
caminhos a percorrer, novos corpos e novas almas.
Se tomarmos por base o
começo e o fim de ciclos anteriores, podemos prever transformações
dolorosas, drásticas, e o nascimento de novas formas civilizatórias,
novos conceitos de vida. Nada indica que continuaremos na atual linha
de vida. Os fatos reais evidenciam isso. A demografia nos apavora com
os dados do crescimento populacional. Os Ecologistas nos dão
notícias sombrias da destruição da natureza. A poluição aumenta
drasticamente e, em pouco tempo, começaremos a sentir os efeitos da
poluição atômica.
Os sistemas políticos
e econômicos se tornam, a cada dia, menos eficientes. O Homem se
padroniza e perde sua individualidade. A liberdade é apenas
aparente. Cada vez mais as almas se enclausuram e se concentram nas
neuroses, nas psicoses e nos vícios autodestruidores.
Periodicamente, as neuroses eclodem coletivas, em guerras e doutrinas
extremadas.
A conseqüência direta
da desagregação da alma aumenta a ansiedade pela tranqüilidade do
espírito. Essa atitude explica a atual busca mística e religiosa.
As religiões tentam ir ao encontro dessa demanda, mas sua própria
infra-estrutura, apenas humana, psicológica, constitui obstáculo.
Falta o caminho mais seguro, que corresponda à realidade humana, que
sirva de farol às mentes obscurecidas e abra caminho para o
espírito.
Essa situação foi
prevista pelo Mestre Jesus, em seus principais aspetos, numa das
poucas profecias que fez: segundo um dos seus doze apóstolos, Mateus
– que também se chamou Levi –, Jesus havia terminado um longo
debate no Templo de Jerusalém e fora ter com seus discípulos.
Sentaram-se no Monte das Oliveiras, e os discípulos chamaram sua
atenção para o belo edifício do templo, que dominava a paisagem.
Disse-lhes Jesus:
“Vedes tudo isto!
Em verdade vos digo que não ficará aí pedra sobre pedra: tudo será
arrasado. Tomai cuidado que ninguém vos engane! Porque aparecerão
muitos em meu nome dizendo: eu sou o Cristo! E a muitos hão de
enganar. Ouvireis falar de guerras e boatos de guerras. Ficai alerta
e não vos perturbeis com isso. É necessário que assim aconteça,
mas ainda não é o fim. Porque se levantará nação contra nação,
e reino contra reino: haverá fome, peste e terremotos por toda
parte. Mas tudo isto será apenas o princípio das dores. Então vos
hão de entregar a atribulação e a morte. E, por causa do meu nome,
sereis odiados de todos os povos. Muitos hão de perder a fé,
atraiçoar-se e odiar-se uns aos outros. Surgirão falsos profetas em
grande número, iludindo a muitos. E com o excesso de impiedade, há
de a caridade arrefecer no coração de muitos. Mas, quem perseverar
até o fim, será salvo. Será este Evangelho do reino pregado no
mundo inteiro, em testemunho a todos os povos: só depois disto virá
o fim!
Quando,
pois, virdes reinar no lugar santo os horrores da desolação, de que
falou o profeta Daniel –
atenda a isto o leitor! –
então fujam para os montes os que estiverem na Judéia, e quem se
achar no telhado não desça para buscar alguma coisa em casa. E
quem estiver no campo, não volte para buscar o seu manto. Ai das
mulheres que, naqueles dias, andarem grávidas, ou com filhinho ao
peito! Orai para que vossa fuga não incida no inverno nem no dia de
Sábado. Então sobreviverá uma atribulação tão grande como não
tem havido igual desde o princípio do mundo até agora, nem haverá
igual, jamais. Se aqueles dias não fossem abreviados, não se
salvaria pessoa alguma, mas aqueles dias serão abreviados em atenção
aos escolhidos.
Quando, então,
alguém vos disser: “eis aqui está o Cristo! Ei-lo acolá!”, não
acrediteis, porque aparecerão falsos Cristos e falsos profetas, que
farão grandes sinais e prodígios, a ponto de enganarem,
possivelmente, até os escolhidos. Eis que vos ponho de sobreaviso!
Quando, pois, disserem: eis que estais no deserto! – não saiais.
Eis que estais no interior da casa! – não lhe deis crédito. Pois,
assim como o relâmpago que rompe no oriente fuzila até o ocidente,
assim há de ser, também, na vinda do Filho do Homem. Onde houver
carniça, aí se juntam as águias!
Logo depois da
atribulação daqueles dias, escurecerá o Sol, e a Lua dará sua
claridade; as estrelas cairão do céu, e serão abaladas as energias
do firmamento. E então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem.
Lamentar-se-ão todos os filhos da Terra, e verão o Filho do Homem
vindo, sobre as nuvens do céu, com grande poder e majestade. Enviará
os seus anjos, ao som vibrante da trombeta, e ajuntarão os seus
escolhidos dos quatro pontos cardeais, de uma extremidade do céu até
a outra.
Aprendei isto por
uma semelhança tirada da figueira: quando os seus ramos se vão
enchendo de seiva e brotando folhas, sabeis que está próximo o
verão. Do mesmo modo, quando presenciardes tudo isto, sabei que está
à porta. Em verdade vos digo que não passará esta geração sem
que tudo isto aconteça. O Céu e a Terra passarão, mas não hão de
passar as minhas palavras. Aquele dia, porém, e aquela hora, ninguém
os conhece, nem mesmo os anjos do Céu, mas, tão somente, o Pai!
Como
foi nos tempos de Noé, assim há de ser quando vier o Filho do
Homem. Nos dias que precederam o dilúvio, a gente comia e bebia,
casava e dava em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E
não atinaram, até que veio o dilúvio e os arrebatou a todos. Bem
assim há de ser por ocasião do advento do Filho do Homem. De dois
que se acharem no campo, um será admitido e o outro deixado de
parte; de duas mulheres que estiverem moendo no moinho, uma será
admitida e a outra deixada de parte. Alerta, pois! Porque não
conhecereis o dia em que virá o vosso Senhor. Atendeis a isto: se o
pai de família soubesse em que hora da noite havia de vir o ladrão,
decerto vigiaria e não o deixaria penetrar em sua casa. Ficais,
pois, alertas também vós, porque o Filho do Homem virá numa hora
em que não O esperais”
(Mateus, 24-2/44)
A pequena diferença na
forma como essa profecia nos é relatada por Lucas e Marcos, a
confirma em sua essência. Destaca-se, nela, a menção de um ciclo
anterior, cujo símbolo foi a arca de Noé. A palavra “geração”,
evidentemente, se referia ao sistema do ciclo atual, e assim por
diante. Com um pouco de cautela no problema da semântica e das
traduções, poderemos tirar, dessa advertência de Jesus, um quadro
acurado da realidade atual.
Qual seria a intenção
de Jesus ao traçar um quadro tão sombrio?
A
resposta poderá ser encontrada por cada pessoa, na dependência da
perspectiva como olha as coisas do mundo. Um fato se evidencia no
Evangelho: “O meu Reino não é deste mundo!” O reino mencionado
pelo Mestre Jesus, às vezes substituído pela palavra “céu”, se
refere à tranqüilidade do espírito, à “paz verdadeira”, que
pode ser obtida pelo ser humano qualquer
que seja a situação que o cerque.
Sempre que a vibração
do espírito predomina, a psique e o corpo se tornam secundários.
Como conseqüência direta dessa afirmativa, qualquer ser humano pode
ser feliz e tranqüilo, mesmo que o mundo esteja se desmoronando em
torno.
Mas, para que isso
possa ser obtido, é necessário que haja o método, o sistema, as
setas indicativas do caminho. É por isso, talvez, que surge a
expressão Sistema Crístico, pois sistema é um corpo de doutrinas
cujas partes são todas dirigidas para o mesmo fim. Tem, portanto, o
aspecto dinâmico que se adapta a cada etapa do fim a que se destina.
O
Mediunismo é, apenas, um dos componentes do Sistema Crístico. Ele
não invalida os aspectos anteriores, as religiões, as iniciações
e as doutrinas. Apenas estabelece uma nova perspectiva, melhor
adaptada ao quadro atual. O Homem de hoje não se satisfaz, apenas,
com a forma. As religiões são excessivamente formais,
estratificadas. O Mediunismo desce às essências, e pouco se
preocupa com a forma. O que interessa nele é que o ser humano possa
se encontrar, individualmente,
e tenha um bom instrumental para equacionar sua vida, que é sempre
única e inimitável.
Penetremos,
seguros, no
limiar do Terceiro Milênio!
- F I M -
Salve Deus!
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