Nova Era Mario Sassi Trino Tumuchy


Origem atual
     O movimento doutrinário e religioso, conhecido como “Vale do Amanhecer”, tem dois aspectos distintos, duas maneiras de ser visto: a primeira, é em sua origem remota, o caminho percorrido pelos espíritos que o compõem; a das circunstâncias que presidiram sua formação atual.
     Em primeira instância, trata-se de um grupo de espíritos veteranos deste planeta, todos com 19 ou mais encarnações, juramentados ao Cristo e que se especializaram no trabalho de socorro, em períodos de confusão e insegurança. Tais situações surgem, sempre, no fim dos ciclos civilizatórios, quando a Humanidade passa de uma fase planetária para a seguinte. Esses ciclos, embora variáveis em termos de contagem do tempo, se apresentam à visão intelectual da História como tendo mais ou menos 2.000 anos.
 Portal do Sol (Tiwanaku, Bolívia)
A cada dois milênios termina uma etapa e começa outra. Porém, por alguns séculos, as duas fases coexistem. Podemos tomar, como exemplo, o período que antecedeu o nascimento de Jesus e os três ou quatro séculos que se seguiram. Um exame acurado dos acontecimentos históricos registrados explica essa mistura de duas etapas.
   O mesmo está acontecendo em nossa época, desde o Século XVIII, em que o mundo como que explodiu em fantásticas conquistas sócio-econômicas, ao mesmo tempo em que começou a declinar no que poderia se chamar de “humanismo”. Esse fenômeno é particularmente verificável nesta segunda metade do Século XX, no qual as conquistas científicas, por exemplo, coexistem com a desvalorização progressiva do ser humano. A característica de nossa civilização atual é de descrença e desesperança nas instituições, nos marcos civilizatórios que regem nossas atitudes.
     Num paradoxo aparente, essa “morte civilizatória” produz na mente do Homem a ansiedade por bases mentais mais firmes, mais calcadas na imortalidade da civilização. A descrença nas instituições regentes leva à busca de instituições mais biológicas, seguras, mais transcendentais. Isso pode ser facilmente percebido pela procura atual de soluções religiosas e de novas formas do encontro com o espírito.
     Atender a essa necessidade é exatamente a finalidade e a missão desse grupo de espíritos que aparecem sob a égide do “Vale do Amanhecer”.
     Sua missão é oferecer ao Homem angustiado e inseguro uma explicação de si mesmo e um roteiro para sua vida imediata.
     Para que isso fosse possível, e a missão cumprida com autenticidade, o trabalho não poderia ser feito seguindo-se as velhas fórmulas de religiosidade, considerando-se “velhas fórmulas” os documentos escritos, as revelações de iluminados, de profetas, das tradições, das doutrinas secretas e da dogmática de modo geral, empregada na base da fé e do medo.
     O Homem só adquire segurança quando o equacionamento de sua vida se apresenta verificável, para ele individualmente, qualquer que seja sua posição sócio-econômica. Se num primeiro momento as instituições lhe oferecem proteção e segurança, isso logo se desfaz na vivência dentro das mesmas, quando seu próprio juízo entra em contradição com elas. Nesse ponto, ele poderá não se afastar, por medo ou por falta de algo melhor, mas sempre, inevitavelmente, ele viverá em angústia.
     Por esse motivo fundamental, o movimento “Vale do Amanhecer” foi calcado na existência de um espírito clarividente, cujas afirmações e ensinamentos pudessem ser testados e verificados, individualmente, pela experiência de cada participante, sem jamais dar margens a dúvidas ou incertezas.
     Essa é a origem atual do Vale do Amanhecer, ou seja, a existência da Clarividência de Tia Neiva.
     Em 1959, ela era uma cidadã comum, embora com traços de personalidade incomum. Viúva, com quatro filhos, dedicou-se à estranha profissão, para uma mulher, de motorista, dirigindo seu próprio caminhão e competindo com outros profissionais. Sem nenhuma tendência religiosa, nunca, até 1959, quando completou 33 anos de idade, revelou propósitos de liderança  de espécie alguma.
     A partir dessa data, começaram a suceder, com ela, estranhos fenômenos na área do paranormal, da percepção extrasensorial, para os quais nem a ciência nem a religião locais forneceram explicação. O único amparo razoável foi encontrado na área do espiritismo, uma vez que as manifestações se pareciam com a fenomenologia habitual dessa doutrina.
     Os problemas foram se acentuando contra a sua vontade, e o acanhamento das concepções doutrinárias que a cercavam a levaram a uma inevitável solidão. Não havia realmente quem a entendesse, e isso a obrigou à aceitação das manifestações de sua clarividência. Incompreendida pelos Homens, ela teve que se voltar para o que lhe diziam os espíritos. Só neles ela começou a encontrar a coerência necessária para não perder o juízo e ter se tornado apenas mais uma doida a ser internada. A partir daí ela deixou de obedecer aos “entendidos” e se tornou dócil às instruções dos seres, invisíveis aos olhos comuns, mas para ela não só visíveis como também audíveis.
     Desde então, ela teve que abandonar parcialmente sua vida profissional e se dedicar à implantação do sistema que hoje se chama Vale do Amanhecer. A primeira fase foi de adaptação e aprendizado, embora, desde o começo, seu fenômeno obrigasse a uma atitude prática de prestação de serviços. Isso garantiu, sempre, a autenticidade da Doutrina do Amanhecer, desde seus primórdios. Tudo o que foi e é recebido dos planos espirituais se traduz em aplicações imediatas e é testado na prática.
     Logo que Neiva dominou a técnica do transporte consciente, isto é, a capacidade de sair do corpo conscientemente, deixá-lo em estado de suspensão, semelhante ao sono natural, e se deslocar em outros planos vibratórios, ela começou seu aprendizado iniciático.
     O transporte é um fenômeno natural – todos os seres humanos o fazem quando dormem – mas o que há de diferente na clarividência de Tia Neiva é o registro claro do que acontece, durante o fenômeno, na sua consciência normal. Todos nos transportamos durante o sono, mas as coisas que vemos ou fazemos só irão se traduzir na ação em nossas vidas inconscientemente, ou seja, nós não sabemos que fazemos coisas em nossa vida com base nesse fenômeno.
     Nesse período, que durou de 1959 até 1964, ela se deslocava diariamente até o Tibete e lá recebia as instruções iniciáticas de um mestre tibetano. Esse  mestre, que ainda está vivo, chama-se, traduzido em nossa linguagem, HUMAHÃ. Dadas as condições específicas que isso exigia de seu organismo físico, ela contraiu uma deficiência respiratória que, em 1963, a levou quase em estado de coma para um sanatório de tuberculosos, em Belo Horizonte.
     Três meses depois, ela teve alta e deu prosseguimento à sua missão, embora portadora de menor área respiratória, que limita sua vida física até hoje.
     Esse, entretanto, é apenas um aspecto das manifestações de sua clarividência. Ela se transporta para vários planos, toma conhecimento do passado remoto dela e do grupo espiritual a que pertence, recebe instruções de Seta Branca e de seus Ministros e as transmite praticamente para as ações do grupo. A comunidade da Serra do Ouro chamava-se “União Espiritualista Seta Branca” (UESB).
     Na UESB, no plano físico, o que existia era, apenas, um grupo de médiuns atendendo a pessoas doentes e angustiadas, tendo sempre à frente a figura de Tia Neiva. Havia um templo iniciático e algumas construções rústicas, tudo feito em madeira e palha.
     Existia e existem, pois, dois aspectos distintos, que é preciso compreender para explicar o atual fenômeno “Vale do Amanhecer”: o humano, como grupamento de pessoas dedicadas à assistência espiritual a outras pessoas, mediante as normas trazidas pela Clarividente Neiva do plano espiritual; e essas mesmas normas, que foram constituindo a Doutrina, ou seja, um conjunto doutrinário.
     Na proporção em que o conjunto humano cresce, ele aumenta seu poder de obtenção, controle e manipulação de energias, ou seja, sua força cresce e amplia sua base doutrinária. Por isso a Doutrina do Amanhecer apresenta um aspecto dinâmico, de contínuo fazimento, que se adapta, a cada momento, às necessidades dos seres humanos que são atendidos. Todas as instruções para as atitudes, construções, rituais e planos de trabalho continuam vindo por intermédio de Tia Neiva.
     Com relação ao futuro, quando ela desencarnar, haverá, naturalmente, algum outro processo de instruções. Isso, entretanto, está fora de nossas cogitações, uma vez que não nos compete decidir. O ciclo atual está prestes a terminar, o mundo irá passar por grandes transformações, que já se tornam evidentes ao senso comum e, naturalmente, os responsáveis pelo comando da missão do Vale do Amanhecer – Pai Seta Branca e seus Ministros –, já terão planos prontos para funcionar.

O atual Vale do Amanhecer
     A primeira comunidade funcionou na Serra do Ouro, próximo da cidade de Alexânia, Goiás. De lá mudou-se para Taguatinga, cidade satélite de Brasília, e, em 1969, foi instalada no atual local, que passou a se chamar Vale do Amanhecer, na zona rural da cidade satélite de Planaltina.
     O Vale ocupa uma área pertencente ao Governo do Distrito Federal, nela residindo cerca de 500 pessoas, em sua maioria menores abandonados que foram abrigados por Tia Neiva. Para esse fim, foi criada uma entidade jurídica chamada “Lar das Crianças de Matildes”, que garante a legalidade desse tipo de trabalho.
     Dentre os residentes estão os dirigentes que cercam Tia Neiva, algumas famílias de médiuns, os que participam da manutenção, do atendimento de emergências no Templo e ocasionais abrigados para tratamento de alcoolismo.
     O ponto focal da comunidade é o Templo do Amanhecer, construído em pedra, no formato de uma elipse, com uma área coberta de 2.400 metros quadrados. Distante cerca de 300 metros, existe um conjunto iniciático, construído a céu aberto, chamado Solar dos Médiuns ou Estrela Candente. Nele existem cachoeiras artificiais, um espelho d’água em forma de uma estrela, com raio de 79 metros, lagos, escadarias de pedra e cabanas de palha.
     O Templo do Amanhecer destina-se ao atendimento do público. O trabalho abre, todos os dias, às 10 horas da manhã, e se prolonga até às 10 da noite, com plantões chamados de Retiros. O Solar dos Médiuns também funciona todos os dias, com início às 12 horas e 30 minutos. Nele, porém, os rituais se destinam à manipulação das energias, havendo atendimento de público apenas em alguns casos especiais.
     O Vale dispõe de água encanada, eletricidade e uma linha de ônibus que o liga a Planaltina, distante 6 km. Possui uma escola primária, dirigida pela Secretaria de Educação do GDF, atualmente com 200 alunos, duas lanchonetes, oficina mecânica, salão de costura, pomar, lavoura e uma livraria especializada em obras religiosas e espiritualistas.
     As atividades diárias do Vale são muito intensas, o dia de trabalho se encerrando altas horas da noite. Para o visitante que vem pela primeira vez, o aspecto é de bucolismo e tranqüilidade rural. Essa impressão, entretanto, se desfaz rapidamente, quando se percebe a intensa atividade desenvolvida para amainar o sofrimento dos que, diariamente, procuram o Vale.
     Todos os dias, às 10 horas da manhã, uma sirene toca três vezes, e é aberto o Retiro dos Médiuns, obedecendo uma tradição que é mantida desde 1959. Os médiuns que participam nesse dia permanecem em plantão até às 10 horas da noite. Cada dia, entretanto, é diferente dos outros, sempre havendo uma programação intensa de instrução e desenvolvimento. Certos dias, principalmente nos fins de semana, vários acontecimentos ritualísticos são executados simultaneamente. Tanto pode acontecer um casamento solene, uma cerimônia de Iniciação, uma festa de aniversário como um velório iniciático por algum médium que tenha desencarnado. Isso, entretanto, sucede sem interrupção do atendimento dos clientes, do andamento das construções, do trabalho das oficinas ou do lazer dos abrigados. É comum a gente ver uma cerimônia iniciática, feita com toda a solenidade no Templo, e, ao passar pela Casa Grande, onde funciona o Lar das Crianças de Matildes, deparar com um baile de rapazes e moças animado por um conjunto local de roque...
     No Vale só existem duas classes de pessoas: Médiuns e Clientes, sendo essa a maneira mais simples de conceituar as pessoas sem incorrer no perigo da discriminação.
     Médium é o antigo cliente que, devido a seus compromissos transcendentais, sente necessidade de participar da Corrente, ou seja, trabalhar mediunicamente. Na verdade, eles representam, apenas, a média de ½% dos freqüentadores, ou seja, dentre cada grupo de 200 pessoas que procuram o Vale, apenas uma tem necessidade de desenvolver sua mediunidade.
     Depois que o último cliente se retira, fato que raramente acontece antes de meia-noite, surge sempre alguma atividade instrutiva, uma comunicação dos planos espirituais ou uma discussão doutrinária em torno de Tia Neiva. Com exceção dos Retiros e das Escaladas na Estrela, cujos horários são rígidos, não existem horas marcadas para as coisas que acontecem. As atividades flutuam ao sabor dos acontecimentos. O dia inteiro chegam pessoas em busca de auxílio, cuja natureza varia ao infinito. Os dias típicos que mais caracterizam a vida no Vale são os chamados dias de Trabalho Oficial, atualmente às quartas, sábados e domingos. Nesses dias, chegam a trafegar no Vale entre 3 e 4 mil pessoas.
     O Trabalho Oficial começa à 10 horas, com a abertura da Corrente. A partir daí, os médiuns vão se colocando nos seus postos de serviço, na medida em que vão se mediunizando, ou seja, que completam os seus rituais e se sentem prontos para o atendimento. As portas do Templo permanecem abertas e os clientes vão sendo acomodados nos bancos de pedra, que correm ao longo do Templo, no lado esquerdo de quem entra. O primeiro contato é com os médiuns da Falange dos Recepcionistas. Eles, discretamente, vão acomodando os clientes e movimentando as filas. Os pacientes sentam e levantam, e vão se aproximando dos Tronos, onde é feito o atendimento individual.
     Os Tronos são pequenas mesas, com apenas um lado disponível, onde se sentam o Apará (médium de incorporação) e o cliente. Por trás do Apará, permanece de pé o Doutrinador. Este, cuja mediunização torna seus sentidos mais alertas (ao contrário do Apará, que fica semiconsciente), é o responsável por tudo que decorrer no atendimento. Ele acompanha o trabalho do Preto Velho ou do Caboclo, esclarece o cliente, doutrina os sofredores que o Preto Velho puxa do cliente e garante, ao máximo possível, a satisfação do atendido.
     O Apará incorporado permanece com os olhos fechados e apenas entra em contato com o cliente segurando levemente suas mãos ou tocando, na sua cabeça, com a ponta dos dedos. Conforme o médium ou a entidade-guia, a linguagem é pouco inteligível pelo paciente. Isso, entretanto, não é de muita importância, uma vez que a vocalização é apenas a maneira da entidade entrar em sintonia com o paciente. Quando se torna necessário um conselho ou indicação, o Doutrinador serve de intérprete. Na verdade, o importante não é o que a entidade fala, mas, sim, o que ela faz durante o atendimento. É a manipulação de energias que irá resolver os problemas do consulente, podendo suceder que nem ele saiba, às vezes, quais são eles. Por isso, a comunicação é secundária, principalmente pelos perigos que encerra, devido às possíveis interpretações errôneas.
     O freqüentador do Vale do Amanhecer acaba por se habituar a avaliar a autenticidade do trabalho pelo resultado, fato esse de que só  ele pode ser o juiz. Se ele chega tenso e cheio de cargas negativas, o Preto Velho as atrai para o Apará. O médium recebe essas cargas e, devido à natureza dessas energias e sua localização no seu plexo solar, ele se contrai. O quadro dessa incorporação é o do médium com o rosto contraído, as mãos crispadas e, às vezes, falando em tom agressivo. Isso tanto pode significar que ele está recebendo a carga magnética do cliente como algum espírito sofredor, um desencarnado ou um obsessor.
     Qualquer que seja a situação, o Doutrinador faz sua doutrina e, mediante uma chave iniciática, faz a entrega a outro plano, outra dimensão. O médium, então, volta para sua incorporação suave do Preto Velho ou à expressão do Caboclo.
     Conseguido o reequilíbrio do tônus do paciente, a entidade sugere seu encaminhamento para outros trabalhos no Templo, dá-lhe algum conselho ou palavra de encorajamento, sugere sua volta ou lhe delineia algumas sugestões para equilibrar sua vida. Nunca, porém, interfere no seu livre arbítrio ou toma alguma decisão por ele.
     Após esse atendimento, o cliente tem várias alternativas: vai para a Sala de Cura se tiver algum distúrbio físico, para a Indução se seu problema for de ordem econômica, puramente de situação material, ou apenas para a Linha de Passes se não tiver problemas dessa natureza.
     A “cura”, em termos da Doutrina do Amanhecer, não envolve diagnóstico ou receita de remédios. Nada ali é feito que possa ser resolvido pelo médico terreno. Em todos os casos sempre se sugere que o paciente procure o médico, ou continue com o tratamento que porventura esteja fazendo. Nossa cura é puramente espiritual, na área invisível do paciente, que é inacessível ao médico físico.
     Se o cliente apresenta sintomas de mediunidade excessiva, é aconselhado o seu desenvolvimento, porém sempre é chamada sua atenção que isso tanto pode ser feito aqui como em qualquer outro lugar de sua preferência.
     Alguns clientes chegam pensando que todo atendimento é feito pessoalmente por Tia Neiva, e fazem questão de enfrentar o difícil problema da espera que isso suscita. Nos dias de Trabalho Oficial, o Templo atende entre 3 e 5 mil pessoas e, é lógico, apenas uma pequena parcela consegue falar pessoalmente com a Clarividente.
     De modo geral, o atendimento se caracteriza pela descontração e informalidade. O cliente entra e sai à vontade, ninguém lhe pede coisa alguma e ele só sai de sua incógnita se assim o desejar. Só tem que declinar seu nome e sua idade na hora de ser atendido pela entidade incorporada no médium. Tanto os médiuns como os dirigentes preferem ignorar o problema pessoal de cada um, e só se interessam pela natureza do problema. Geralmente, quando procurado, o recepcionista pergunta ao cliente se o problema dele é de saúde, da vida material ou de ordem familiar, para poder encaminhá-lo ao setor adequado.
     Na verdade, a técnica empregada no atendimento dispensa a confidência da pessoa. O trabalho de passa numa outra dimensão, que é invisível aos sentidos até mesmo dos médiuns. Mesmo a conversa das entidades, incorporadas no médium, escapa, em grande parte, aos seus ouvidos ou à sua percepção, embora ele não esteja realmente inconsciente. O diálogo é necessário para manter a sintonia entre o cliente e a entidade. Enquanto o Preto Velho conversa, ele está, na verdade, manipulando energias e resolvendo problemas da pessoa que, às vezes, nem ela suspeita que tem. Em alguns segundos do relógio, a entidade percorre os ambientes onde a pessoa vive, verifica problemas de suas outras encarnações, atende a pessoas que lhe são queridas, não importa a distância física onde estiverem, e faz até mesmo sua caridade para os inimigos do atendido.
     O ponto alto desse trabalho é que o cliente não assume compromisso algum, nem mesmo de ser um crente ou adepto. A confiança surge depois, com os resultados obtidos e é por isso que os clientes do Vale, em sua maioria, acabam por voltar outras vezes e se tornam amigos.
     Os clientes do Vale são de todas as classes sociais. Alguns vêm apenas para visitar ou por curiosidade. Outros, gostam de pesquisar. Porém, muitos, talvez a maioria, vêm em busca de algo que falta em suas vidas. Todos se sentem à vontade, uma vez que nada lhes é solicitado, pois não têm obrigação alguma. Os médiuns, esses sim, têm sempre a obrigação de fazerem tudo que for possível pelos que procuram o Templo. Não se concebe uma pessoa sair do Vale sem ter sido atendida ou sair insatisfeita. É lógico que o Vale não faz milagres, nem resolve todos os problemas das pessoas, mas sempre abre uma esperança, alivia uma dor e amplia as perspectivas daqueles que o procuram. 
     Salve Deus!

[Extraído do livro "O que é o Vale do Amanhecer" | Autor: Mário Sassi]